Críticas de Filmes

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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Filmes da Semana: O Vendedor de Passados, Deus Branco, As Maravilhas, Adeus à Linguagem, O Preço da Fama


O Vendedor de Passados (2015) **
Direção: Lula Buarque
Elenco: Lázaro Ramos, Alinne Moraes.
Meu comentário: Sinceramente o grande mérito do filme é sua premissa, que até no primeiro ato da obra é muito bem desenvolvida, mas a partir daí, o filme acaba se perdendo e trocando toda a originalidade da história por caminhos cada vez mais repletos de clichês e ineficientes.










O Preço da Fama(2014) **1/2
Direção: Xavier Beauvois
País de origem: França
Meu Comentário: Dirigido por Xavier Beauvois, que apesar da curta carreira já chamou a atenção do meio cinematográfico com dois bons filmes: O pequeno tenente(2005) e Homens e Deuses(2010). O preço da fama possui como grande atrativo o seu roteiro, que narra a ação de um plano ousado: quando dois amigos resolvem sequestrar o corpo de Charles Chaplin, que morrera recentemente, e exigir um resgate milionário. Perdido entre a comédia e o drama,  o filme acaba se tornando desinteressante ao longo de sua exibição, e por vezes até mesmo me aborreceu. Ao final, a originalidade ficou de lado, e deu lugar a uma "mão pesada" de Xavier Beauvois na condução da obra, que tinha tudo para ser inesquecível, assim como foi o grande Charles Chaplin, mas que não passa de uma boa tentativa.


Adeus à Linguagem (2014) *
Direção: Jean-Luc Godard
País de Origem: França
Meu Comentário: Nem mesmo o fato de não ser um admirador do renomado (superestimado) Jean-Luc Godard, me conduziram a desaprovar a essa obra experimental e desfragmentada que disputou o Palma de Ouro em Cannes em 2014. Cito que o filme foi  premiado com o Palm Dog, premiação dada ao cão que melhor se desempenha entre as obras concorrentes do festival, e sim, de forma muito merecida.  Muito ao contrário do prêmio dado a Godard( talvez pela carreira?) como melhor diretor, por sua obra desconexa, complexa e experimental.

Até acho valida as tentativas de inovação ainda impostas por Godard, atráves de suas obras e seguindo na direção do rompimento (descoberta?), da linguagem cinematográfica, mas sinceramente, tais filmes não me agradam, na realidade, me aborrecem. Confesso que nem a curta duração do filme (cerca de 70 minutos), me motivou a não torcer para que o experimento chegasse ao fim. E continuo minha confissão, afirmando minha eterna predileção por  obras convencionais, lineares e ainda ligadas a arte da narrativa convencional, salve algumas raras, e memoráveis, exceções.



Deus Branco (2014) ***
Direção: Kornél Mundruczó
País de Origem: Hungria
Meu Comentário: Premiado como melhor filme na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, Deus Branco é a grosso uma versão canina do excelente Planeta dos Macacos: A Origem(2011), mas ao invés dos macacos, nesse interessante filme húngaro, são os cachorros que se organizam para se vingarem dos humanos. Chocante e protagonizado por um cão que realmente rouba a cena (também venceu o Palm Dog em Cannes), nem mesmo a subjetividade sempre presente na obra (e principalmente em sua conclusão), tiram o foco de seu roteiro muito bem construído, assim como de sua montagem, que realmente surpreende. Em alguns momentos o filme chega a caminhar pela caricatura de si mesmo, mas aos poucos retoma sua função de ser uma parábola a discriminação racial. Gostei e indico.


As Maravilhas(2014) **
Direção: Alice Rohrwacher
País de Origem: Itália
Meu Comentário: Além de disputar o Palma de Ouro em Cannes, As Maravilhas  foi premiado com o Grande Prêmio do Juri, o segundo premio mais importante do festival. E posso garantir que não era para isso tudo. O filme é básico, subjetivo, e de poucos atrativos, tanto visuais quanto em seu desenvolvimento. E mesmo sendo eficaz na função de alegoria da passagem de uma menina para a vida adulta, e possuir personagens realmente cativantes e uma sensação onírica sempre presente, foram capazes de me fazer embarcar nessa viagem totalmente irregular que é muito mal conduzida pela direção de Alice Rohrwacher (que a priore, tentou realizar uma obra relativa a sua infância), . Pra ser sincero o filme não chega a aborrecer, ao contrário, prendeu minha atenção, mas ao seu final, se percebe que a obra não passa de uma interessante tentativa de surpreender, fato que acaba não ocorrendo.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Crítica do Filme: O Apostador (2014)**1/2

Direção: Rupert Wyatt
Elenco: Mark Wahlberg, Jessica Lange e John Goodman.

Meu Comentário: Sinceramente me surpreendi com esse remake de “O Jogador”, filme de 1974 e que foi estrelado por James Caan no papel principal de Jim Bennett. Nesta nova adaptação, é Mark Wahlberg que apresenta uma interessante atuação no papel de um professor universitário viciado em jogos de azar.

Gostei muito da introdução do filme, mas confesso que esperava um pouco mais de seu desenvolvimento e conclusão. Quando o personagem Jim Bennett se demonstra um “eventual suicida” financeiro – em alguns momentos percebemos que ele possui certo prazer em ser um fracassado, em todos os sentidos –, algumas de suas atitudes dentro do filme me deixaram confuso. Por que trazer dois de seus alunos para participarem de um mundo tão autodestrutivo, por quê? Sinceramente, esse e alguns outros pontos não me deixaram satisfeitos.

Também tenho que salientar a boa participação dos veteranos John Goodman e Jessica Lange, que brindam a obra com pequenas mas poderosas atuações.  E também acrescentar que o filme é dirigido por Rupert Wyatt, o mesmo diretor do excepcional “O Planeta dos Macacos: A origem”, dá pra acreditar nisso? Quando vocês assistirem o filme talvez à resposta seja não.

O Apostador é uma daquelas obras que “apostam” em reviravoltas para surpreender o seu espectador, e até consegue. É claro, contando com uma boa condução do diretor Wyatt, e um roteiro que foi reescrito por William Monaham, o mesmo roteirista de Os Infiltrador(2006). 

Crítica do Filme: Nos Bastidores da Fama (2014) **

Direção: Gina Prince- Bythewood
Elenco: Gugu Mbatha-Raw, Nate Parker, Minnie Driver e Danny Glover.

Sinopse: A jovem e talentosa artista Noni Jean (Gugu Mbatha-Raw) alcança a sonhada fama, mas não consegue lidar muito bem com as complexidades do estrelato e sucumbe ante a pressão da vida pública. Até sua vida ser salva por Kaz Nicol (Nate Parker), um policial designado a protegê-la, que pode ser a peça chave que faltava para desbloquear o potencial artístico dela. Apesar dos protestos de seus respectivos pais, que querem que os jovens concentrem-se em suas próprias carreiras, os dois vão lutar para seguir esse romance.

Meu Comentário: Se você está procurando um romance “água com açúcar” e gostou do competente e estrondoso sucesso “O Guarda Costas” (1992), mas posso te garantir, assista Nos Bastidores da Fama e você não vai se arrepender.

Claro que falta ao filme os grandes nomes de Kevin Costner, Whitney Houston e uma trilha sonora tão poderosa quanto inesquecível, em compensação, o filme  foi indicado ao Oscar 2014 concorrendo na categoria de melhor canção com a nada memorável “Grateful”.

Alias, o filme também possui outro grande mérito, a hipnotizante beleza da atriz Gugu Mbatha-Raw, que interpreta a jovem cantora e superstar Noni, sinceramente ela é uma atriz tão estonteante que eu mal conseguia desviar os olhos  da tela, nem por um minuto. Já o restante do elenco fica devendo, tanto Danny Glover, quanto Minnie Driver, até se esforçam, mas poucos abrilhantam a obra, assim como Nate Parker, que usa e abusa de suas caras e bocas para competir com a “enorme presença” de Mbatha, mas sem sucesso.

Nos Bastidores da Fama é nitidamente uma obra modesta e com poucas pretensões, e mesmo se utilizando dos mais banais clichês para compor seu roteiro, ainda assim roubou minha atenção, ou foi à bela Gugu-Mbatha? A única certeza que eu tenho é que para os que gostam do gênero, o filme é uma ótima pedida.

domingo, 24 de maio de 2015

Crítica: Elsa & Fred (2014) **1/2

Direção: Michael Radford
Elenco: Shirley MacLaine, Christopher Plummer, Marcia Gay Harden, George Seagal.

Meu Comentário: Refilmagem do grande sucesso argentino de mesmo nome, Elsa & Fred nada mais é do que um açucarado romance que surpreendentemente ocorre na terceira idade (surpreendente não pela idade, mas pela falta de perspectivas de seus personagens). De um lado temos a carismática (e grande atriz), Shirley MacLaine, que desde os clássicos Se meu apartamento Falasse (1960), passando por suas inesquecíveis atuações em Irma La Douce(1963), Os Abutres têm Fome (1970) e Laços de Ternura (1983), e no qual venceu o Oscar de melhor atriz, sempre me fascinou. E atuando ao seu lado está ninguém menos que Christopher Plummer, que interpreta uma figura rabugenta e sem expectativas no auge dos seus 80 anos. 

Divertido e também cercado de clichês, Elsa & Fred cativa seu espectador com uma história “simplesinha mas bonitinha”, e não esperem muito mais de seu roteiro “previsível” e “preguiçoso”. Também não posso deixar de mencionar que o filme é dirigido por Michael Radford, que desde sua obra prima, o maravilhoso Carteiro e o Poeta(1994), não realiza um grande filme. E para ser sincero, o grande mérito da obra é a química e as competentíssimas atuações da dupla central de atores, que literalmente, são os protagonistas desse "ingênuo" filme. 

domingo, 17 de maio de 2015

Crítica: O Sal da Terra (2014) ***

Direção: Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado

Meu Comentário: Retratando as obras e a vida do fotografo brasileiro Sebastião Salgado, que alias, é casado com uma capixaba, estudou economia aqui em Vitória e é da região de Aimorés, divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo, o documentário O sal da Terra é dirigido por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotografo, e também pelo experiente diretor alemão Wim Wenders.

Poderoso e por vezes chocante, o documentário tem seu ponto forte justamente na exposição das principais fotografias de Salgado, assim como em seus emocionantes relatos. Fora isso, acredito que o filme tenha se perdido um pouco em se abranger entre o Sebastião Fotografo e o Sebastião pai, marido e filho. 

Lembro que o documentário foi finalista em sua categoria no ultimo Oscar, além de ter participado da mostra oficial do Festival de Cannes em 2014.

sábado, 7 de março de 2015

Crítica do Filme: Antes de Dormir (2014) ****


Direção: Rowan Joffe
Elenco: Nicole Kidman, Colin Firth, Mark Strong.

Sinopse: Dia após dia, Christine Lucas (Nicole Kidman) desperta sem se lembrar de absolutamente nada que aconteceu em sua vida nos últimos 20 anos. Isto acontece devido a um acidente sofrido uma década atrás, que fez com que seu cérebro não consiga reter as informações recebidas ao longo do dia. Com isso, cabe ao seu marido Ben (Colin Firth) a tarefa de relembrá-la de sua vida, através de um mural de fotos e detalhes do passado. Além disto, ela passa por uma terapia sigilosa com o dr. Nasch (Mark Strong), que procura incitá-la a ter lembranças sobre o que aconteceu. Só que, aos poucos, ela percebe que nem tudo é o que parece ser.

Meu Comentário:
Adorei! Sinceramente “Antes de Dormir” é um dos mais eficientes filmes de suspense dessa temporada. Envolvente, bem dirigido, e com uma grande atuação de Nicole Kidman (que hoje é uma das melhores atrizes de Hollywood), o filme me fez “ficar na pontinha da poltrona” observando sua uma ótima história. Méritos de um mirabolante e eficiente roteiro e a veracidade das atuações dos protagonistas, um conjunto que fazem de “Antes de Dormir “ um filme a ser descoberto.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica do Filme: Birdman ou (A Inesperada Virtude da ignorância) (2014)***

Direção: Alejandro Gonzáles Iñarritu
Elenco: Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Zach Galifianakis.

Sinopse: No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.

Meu Comentário: Apontado como um dos grandes favoritos ao Oscar de melhor filme, assim como definitivamente é um dos melhores filmes do ano, Birdman é uma obra difícil, criativa, muito bem desenvolvida e que possui atuações poderosas, e tudo isso o credencia a ser visto.

E o grande responsável por tantas virtudes que acompanham a obra é o seu diretor/idealizador e roteirista, o talento Alejandro Gonzáles Iñarritu, que também possui em sua filmografia a direção de um dos meus filmes prediletos: Amores Brutos(2000). Além deste, o diretor também foi responsável pelo indicado ao Oscar Babel(2006) e os elogiados 21 Gramas(2003) e Biutiful(2010),apesar de considerar esses dois obras menores.

Se passando quase que exclusivamente nos bastidores de uma peça de teatro, Birdman nos proporciona atuações vibrantes, e entre elas destaco a atuação de Michael Keaton, que incontestavelmente apresenta aqui a melhor atuação de sua carreira.Também não posso deixar de tecer elogios a Emma Stone, que está realmente intensa no papel da filha de Riggan Thomson.  O mais interessante é que Keaton representa uma personificação tua, já que o ponto alto em sua carreira havia sido sua atuação em Batman(1989). E assim como seu personagem, Keaton tentou de tudo para “deixar para trás” seu grande êxito cinematográfico, mas nos últimos anos só vinha realizando produções B e era visto como um ator “canastrão”...até aparecer Birdman e novamente mostrar para o mundo que estamos diante de um bom ator (ou ao menos de uma grande atuação).

Além das atuações, a direção de Iñarritu é a grande responsável pela qualidade do filme. Escolha de elenco, fotografia, atuações, uma “câmera na mão” nervosa e também a sensação de que o filme foi filmado em um único plano sequência, resumindo, Birdman é tecnicamente uma aula de cinema e que se não for “visto” com olhos críticos, pode até mesmo aparentar que é uma obra convencional (ou mesmo chato), quando na realidade estamos diante de um filme cinematograficamente complexo e profundo.

Entre os problemas que enxergo em Birdman está a sua forma verborrágica de trabalhar o roteiro, uma vez que a base do filme são os seus diálogos (às vezes dispensáveis) e também suas atuações. E percebo que o filme acaba se tornando cansativo principalmente para um espectador comum, muito em razão de seus extensos diálogos e também de seu “trabalho de câmera”. Fora isso, o filme se utiliza de “momentos inexplicáveis” para se explicar. E dentre um desses momentos “mágicos”, o filme se aprofunda em seu questionamento quanto a arte, suas construções dramáticas, quanto ao papel da critica e também dos blockbusters. E também enxergo no filme uma critica voraz aos espectadores de hoje, que preferem “psicologias” baratas de filmes tão profundos quanto “uma poça de água”, em detrimento a obras que realmente se aprofundam nas questões humanas, filosóficas, existenciais e profundas, assim como Birdman acaba sendo.

Apesar de Birdman ser incontestavelmente um grande filme, ele não é o meu predileto na “corrida ao Oscar”. E dentre as categorias que disputa, vou torcer muito para que Michael Keaton vença o seu primeiro Oscar de melhor ator, principalmente por “entender” sua  atuação como a mais poderosa do ano. Além disso, não será surpresa alguma a premiação de melhor diretor para Iñarritu ou mesmo a de melhor roteiro (apesar de sua complexidade). Mas já adianto, Birdman não é um filme para qualquer espectador, entendam que é uma obra densa, difícil, profunda e intensamente filosófica, e com isso, requer uma “atenção muito especial” do seu espectador.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Crítica do Filme: O Grande Hotel Budapeste (2014) ****(releitura)

Direção: Wes Anderson.
Elenco: Ralph Fiennes, Tony Revolori, F.Murray Abraham, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum,  Jude Law.


Sinopse: No período entre as duas guerras mundiais, o famoso gerente de um hotel europeu conhece um jovem empregado e os dois tornam-se melhores amigos. Entre as aventuras vividas pelos dois, constam o roubo de um famoso quadro do Renascimento, a batalha pela grande fortuna de uma família e as transformações históricas durante a primeira metade do século XX.

Meus Comentários: O Grande Hotel Budapeste é sem sombras de dúvidas um dos melhores filmes do ano e mais um trabalho brilhante do diretor Wes Anderson, e que merecidamente foi indicado ao Oscar de melhor filme, roteiro e direção.

Um dos grandes méritos do diretor foi conseguir criar sua marca, seu estilo de direção e desenvolvimento, que foi capaz de fazer qualquer espectador mais atento perceber que está assistindo a uma criação sua, e essa é uma característica obrigatória de um grande diretor autoral. E digo mais, são poucos os casos recentes onde essa “assinatura de autor” é nítida, e talvez por isso (e muitas outras coisas), eu considero Anderson um dos melhores diretores de sua geração.

Com base em um roteiro de diálogos impecáveis e situações inimagináveis (onde o sarcasmo prevalece), "O Grande Hotel Budapeste" possui todos os méritos e características presentes em um grande filme (algo que ele é). Sem falar nas interessantes atuações de todo o elenco e nas sempre especiais participações de algumas figurinhas carimbadas nas obras do diretor: Adrien Brody, Ralph Fiennes e Willem Dafoe.

Divertido, inteligente, carismático, surpreendente e magnificamente bem filmado, "O Grande Hotel Budapeste" é uma obra formidável e totalmente indicada para quem aprecia o melhor do cinema.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Crítica do Filme: Garota Exemplar (2014) ****(releitura)

Direção: David Fincher
Elenco: Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Tyler Perry, Carrie Coon, Kim Dickens, Patrick Fugit.


Sinopse: Amy Dunne (Rosamund Pike) desaparece no dia do seu aniversário de casamento, deixando o marido Nick (Ben Affleck) em apuros. Ele começa a agir descontroladamente, abusando das mentiras, e se torna o suspeito número um da polícia. Com o apoio da sua irmã gêmea, Margo (Carrie Coon), Nick tenta provar a sua inocência e, ao mesmo tempo, procura descobrir o que aconteceu com Amy.

Meus Comentários: Apontado pela critica mundial como um dos melhores filmes do ano (e para alguns o melhor até o momento), Garota Exemplar é sem dúvida alguma um bom filme, entretanto não o considero para tanto.

O filme que é dirigido por David Fincher – um grande especialista em filmes do gênero –, consegue prender a atenção do seu espectador e o deixar “na pontinha da poltrona” durante toda a sua exibição, sempre utilizando técnicas também presentes em outras de suas obras, como no excelente Seven(1995), no “pouco descoberto” Vidas em Jogo(1997), no cultuado Clube da Luta(1999), no subestimado Zodíaco(2007), ou mesmo nos quase que incontestável A Rede Social (2010),  que até poderia ser classificado como uma vertente do suspense, mesmo sendo uma biografia.

A direção de Fincher é segura e repleta de méritos. E também não posso deixar de elogiar a ótima edição do filme, um dos pontos altos a serem ressaltados, assim como sua trilha sonora, que consegue dar um tom sombrio aos flashbacks da personagem Amy Dunne, e que passa a sensação de uma relação ilusória, falsa e nada real. A minha percepção do filme é essa: no presente, onde Nick (personagem de Ben Affleck) é acusado de assassinato, prevalece o suspense em torno de sua possível participação no crime ou não, e já nas lembranças de Amy, todas retiradas de seu diário, prevalecem um mundo de sonhos e onde nada me parece real.

Como o filme é baseado em uma obra literária de enorme sucesso pelo mundo, quem assim como eu não havia lido o livro pode ser surpreendido de maneira mais fácil, e mesmo assim grande parte das sequências de reviravoltas que ditam o ritmo do seu enredo pouco conseguiram me convencer. A sensação que tive durante todo o filme era de uma obra “fake”, que tenta utilizar de todos os artifícios para ludibriar o seu espectador, mas que acaba esbarrando em suas inverossímeis possibilidades.

Outro ponto alto do filme é a atuação do seu elenco de apoio. Primeiro da magnífica dupla de policiais protagonizada por Kim Dickens e Patrick Fugit, e são deles alguns dos melhores momentos do filme e que se fossem mais bem aproveitados (principalmente o excelente papel da Detetive Rhonda), roubariam “o filme” de vez, assim como fazem na primeira parte da obra. Outra boa atuação é a do comediante Tyler Perry no papel do advogado Tanner Bolt, que também surpreende com sua "debochada" interpretação. E não posso deixar de ressaltar a grande atuação de Carrie Coon, que deve brigar com grandes possibilidades por indicações na categoria de melhor atriz coadjuvante nas principais premiações do ano. E já em relação as atuações de  Ben Affleck e Rosamund Pike, que protagonizam a obra, são atuações competentes e pouco contestáveis, principalmente em relação a Pike que tem a melhor atuação de  sua carreira.

Garota Exemplar é um eficiente thriller, com ótimo ritmo e desenvolvimento. Entretanto não são apenas reviravoltas que tornam um filme incontestável, e sim a sua capacidade de surpreender tanto na estrutura quanto na execução, e para mim o filme não passa de um “ótimo remendo” de tantas outras obras parecidas. Garota Exemplar não deixa de ser um grande filme e que eu recomende sem pestanejar, mas não enxergo o filme como uma obra “acima do bem e do mal”, e apenas como um atraente suspense.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Crítica do Filme: Foxcatcher : Uma História que Chocou o Mundo(2014) **1/2

Direção: Bennett Miller
Elenco: Steve Carrell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Sienna Miller.


Sinopse: Campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz (Channing Tatum) sempre treinou com seu irmão mais velho e mentor, David (Mark Ruffalo), que é também uma lenda no esporte. Até que, um dia, recebe um convite para visitar o milionário John du Pont (Steve Carell). Apaixonado pelo esporte e a procura de reconhecimento, du Pont oferece a Mark que entre em sua própria equipe, a Foxcatcher, onde teria todas as condições necessárias para se aprimorar. Atraído pelo salário e as condições de vida oferecidas, Mark aceita a proposta e, assim, se muda para uma casa na propriedade do milionário. 

Meu Comentário: Apesar de todo “burburinho” envolvendo Foxcatcher, que começou após disputar o Palma de Ouro em Cannes, achei o filme apenas regular. Não vejo no filme todo o esplendor que alguns críticos enxergam, e assim também é em relação a atuação de Steve Carell, que pode até estar em seu melhor momento na carreira, mas sua “fria” atuação não me parece ser um exemplo de uma “grande atuação”. Em minha opinião, a atuação mais surpreendente na obra pertence à Channing Tatum, que tem aqui a grande atuação de sua carreira. A mesma dúvida paira em relação à atuação de Mark Ruffalo, que também está sendo louvado pelas premiações e critica, mas sua atuação em “The Normal Heat”, filme produzido para TV pela HBO  e  que concorreu ao Globo de Ouro de melhor filme feito para TV ou  minissérie, é infinitamente superior a quase todas indicações de atores do Oscar 2015, sejam eles coadjuvantes ou mesmo principais.

Baseado em um caso real, Foxcatcher é um “complexo” drama psicológico, de narrativa lenta, extremamente maçante e até mesmo previsível (mesmo para quem não conhece a história).  E um dos maiores “absurdos” em relação ao filme é a respeito da cultuada direção de Bennett Miller, que mesmo vencendo o premio de melhor direção em Cannes e novamente conseguindo uma indicação ao Oscar da categoria - ele já havia sido indicado por Capote(2005) e talvez essa indicação seja para reparar sua injusta não indicação pelo ótimo O Homem que Mudou o Jogo -, a percebo como uma direção apenas convencional.  Mas de uma coisa eu tenho certeza, Miller é um grande diretor de elenco, uma vez que o trio de protagonistas está em seu melhor momento e são eles e seus complexos personagens que dão “vida” a história e conseguem conduzir o espectador por uma narrativa difícil e pouco atraente.

Foxcatcher foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção, ator (Steve Carell) e ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), mas particularmente não daria o prêmio a nenhum dos três, pois percebo em outros indicados uma qualidade ainda superior.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Crítica do Filme: Invencível (2014) ***

Direção: Angelina Jolie
Elenco: Jack O´Connell, Domhnall Gleeson, Takamasa Ishihar


Meu Comentário: Dirigido por Angelina Jolie, que anteriormente havia filmado o “irregular” “Na Terra de Amor e ódio (2011)”, “Invencível” acompanha a surpreendente história de sobrevivência de Louis Zamperini (Jack O´Connell), que desde a infância usa o seu poder de superação para alcançar seus objetivos. Durante o filme, o espectador acompanha a sua trajetória através do esporte (como atleta olímpico), em uma incrível luta pela sobrevivência em alto-mar após um acidente aéreo e também no maior desafio de sua vida: sobreviver a um campo de concentração japonês e as torturas impostas por seu cruel comandante.

Lembro que “Invencível” surgiu como uma grande força para a temporada de premiações, mas que acabou ficando de fora do Globo de Ouro e no Oscar apenas foi lembrado nas categorias técnicas (melhor fotografia, som e Mixagem de Som). E somente após o assistir que percebemos a sua falta de brilho, que resulta em um filme por vezes “apático” e repleto de clichês, e que mesmo com uma história verdadeiramente poderosa acaba não funcionando. 

Cito ainda que o roteiro de “Invencível” teve a participação dos sempre geniais irmãos Coen, entretanto, pouco se percebe de seu estilo de narrativa ao longo da obra.

“Invencível” está longe de ser um filme ruim, ao contrário, é um bom filme. E faço questão de ressaltar as suas atuações (principalmente a de Jack O´Connell), como também algumas cenas realmente inspiradoras, mas ainda falta ao filme “aquele algo a mais”, algo que o diferencie de tantas obras semelhantes e ainda superiores, como os inesquecíveis clássicos: “O Inferno nª17(1953) e Fugindo do Inferno(1963).

sábado, 10 de janeiro de 2015

Crítica do Filme: Tim Maia (2014) ****


Direção: Mauro Lima
Elenco: Robson Nunes, Babu Santana, Alinne Moraes, Cauã Raymond.


Meu Comentário: Havia perdido nos cinemas e somente agora consegui assistir a aguardada biografia cinematográfica de um dos maiores cantores da história do Brasil, o inigualável (em vários aspectos) Tim Maia. Lembro que o filme foi baseado na ótima “biografia” escrita por Nelson Motta, um dos maiores especialistas (e ativista), da história musical desse país. E se pudesse resumir o filme em uma só palavra, essa palavra séria espetacular, pois o filme é muito bem construído, possui um ótimo desenvolvimento e algumas das situações da vida do grande Tim que são retratadas na obra são verdadeiras perolas. Com isso, o filme consegue caminhar entre cenas deprimentes (drogas e declínio) para algumas realmente muito engraçadas e já históricas. Sem falar nas ótimas atuações de Robson Nunes e Babu Santana, que brilhantemente dão vida ao personagem na adolescência e já na fase adulta. Outro destaque é para atuação de Alinne Moraes, que merecia participar de todas as premiações possíveis por sua grande atuação como Janaína, talvez a maior paixão da vida do cantor.

O filme é um deleite para os espectadores e um desfile de personagens históricos da musica popular brasileira: Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Nara Leão, Carlos Imperial e muitos outros desfilam suas verdades e excentricidades em uma época de ouro da musica popular brasileira. E tanto o filme quanto o próprio Tim Maia são dignos de aplausos e verdadeiramente merecem ser vistos (e ouvidos).

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Crítica do Filme: A Entrevista (2014) **


Direção: Seth Rogen/ Evan Goldberg
Elenco: Seth Rogen, James Franco,  Lizzy Caplan, Randall Park

Sinopse: Quando um popular apresentador americano(James Franco) tem a oportunidade de entrevistar o inacessível Kim Jong- un (Randall Park), líder da Coréia do Norte,  ele e seu produtor (Seth Rogen) são envolvidos pela CIA em um mirabolante plano para assassiná-lo.

Meu Comentário: Depois tanta repercussão envolvendo o seu lançamento, e após várias ameaças do governo da Coréia do Norte para impedi-lo, finalmente a Sony Pictures resolveu lançar o filme em alguns cinemas norte-americanos e também disponibilizar na internet o seu conteúdo para compra (forma mais fácil de acesso). E já adianto, cinematograficamente foi muito barulho por quase nada.

Analisando somente o filme, “A entrevista” não passa de uma comédia superficial, repleta de piadas grotescas e poucas situações realmente engraçadas, e onde nitidamente podemos captar a essência de boa parte dos filmes protagonizados por Seth Rogen (que gosto muito) e também James Franco (em uma atuação “forçada” e caricata), onde o humor negro (às vezes muito bem utilizado) prevalece, vide É o fim(2013), Segurando as Pontas(2008) e Ligeiramente Grávidos(2007).

A Entrevista não é de forma alguma uma crítica ao sistema comunista e a liderança de Kim Jong-un na Coreia do Norte, muito ao contrário, o uso da imagem do recluso líder é apenas uma “escada” para as situações improváveis utilizadas pelo ator/diretor Seth Rogen. Quem aguardava “perceber” o filme como uma crítica inteligente ao sistema comunista da Coreia do norte vai se decepcionar, pois definitivamente o filme não é uma comédia inteligente, corajosa e pontual, e mesmo que teça algumas críticas vorazes e pontuais ao governo de Kim (algumas realmente constrangedoras para o  governo norte coreano), tudo ainda é muito brando.

Um dos destaques do filme é a cativante atuação de Randall Park na pele do ditador coreano, realmente convence tanto nos momentos de diversão (criando uma imagem totalmente diferente de Kim) ou mesmo quando demonstra o que ele supostamente é, um “ditador sanguinário”.

“A Entrevista” consegue divertir, mesmo que decepcione por ser apenas mais uma comédia a chegar ao circuito comercial, e não uma importante crítica política ou mesmo social que se utiliza desses assuntos para realizar uma obra com conteúdo e humor, algo presente nos já consagrados Doutor Fantástico(1964), MASH(1970), Tempos Modernos(1936) e O grande Ditador(1940).

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Crítica do Filme: Êxodo: Deuses e Reis (2014) ***

Direção: Ridley Scott
Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Sigourney Weaver, Aaron Paul.


Sinopse: Adaptação da história bíblica do Êxodo, segundo livro do Antigo Testamento, o filme narra à vida do profeta Moisés (Christian Bale), nascido entre os hebreus e criado como parte da família real do faraó do Egito. E quando se torna adulto, Moisés recebe ordens de Deus para ir ao Egito, na intenção de liberar os hebreus da opressão. E no caminho, ele deve enfrentar a travessia do deserto e passar pelo Mar Vermelho.

Meu Comentário: Êxodo: Deuses e Reis é definitivamente um bom filme. E mesmo que seja repleto de erros e acertos, consegue ser muito superior a outra importante adaptação aos cinemas de uma passagem bíblica, o irregular Noé, que foi dirigido por Darren Aronofsky e também chegou aos cinemas este ano. Entretanto, ambos as obras me decepcionaram, e talvez a decepção com Êxodo seja ainda mais evidente uma vez que tenho como parâmetro o excelente Os Dez Mandamentos (1956), foi brilhantemente dirigido por Cecil B.DeMille, e possui atuações memoráveis de Charlton Heston e Yul Brynner, respectivamente nos papeis de Moisés e Ramsés.

O grande problema de Êxodo e Noé, é que a história retratada de ambas as obras é de conhecimento prévio de grande parte do público, e eventuais mudanças, mesmo que discretas e autorais (tão presentes em ambos os filmes), acabam causando um estranhamento, e olha que o meu questionamento não é em relação a bíblia, e sim em relação a história retratada e as opções dos roteiristas e diretores.

Quando fiquei sabendo que ambos os filmes estavam sendo produzidos, e também os nomes que estavam envolvidos nos projetos, confesso que imaginei as maravilhas que a tecnologia de hoje poderia proporcionar as duas excelentes histórias. E quando Êxodo começa, logo me deparo com equivocadas interpretações da história, além de uma enxurrada de cenas de ação que em nada acrescentam ao filme e algumas escolhas precipitadas do elenco, principalmente no trio egípcio: John Turturro, Sigourney Weaver e Joel Edgerton (que melhora ao longo do filme).

Mas nem mesmo o excesso de imprudentes escolhas  consegue estragar uma história tão boa quanto é a saga de Moisés e as dez pragas lançadas por Deus sobre o Egito. E mesmo que falte um pouco de emoção e conflitos entre os personagens, o filme possui várias e várias cenas que são visualmente hipnotizantes. E uma das minhas cenas prediletas é quando Ramsés contesta Moisés sobre sua possível origem. A cena é altamente angustiante, bem filmada e possui uma carga emocional elevada. Sem falar na brilhante atuação de Christian Bale, que confesso, demorei a me acostumar com a ideia de Bale ser Moisés, mas ao longo do filme ele me convenceu com todos os méritos.

Êxodo: Deuses e Reis é uma obra grandiosa, que infelizmente tenta conquistar seu espectador com sua grandiosidade visual, ao invés de utilizar toda a profundidade e sensibilidade de sua história. E entre tantos erros e acertos, o filme prende a atenção do seu espectador e se torna o melhor trabalho do diretor Ridley Scott nos últimos anos.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Crítica do Filme: Ida (2014) ***

Direção: Pawel Pawlikowski
País: Polônia
Elenco: Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska.


O que mais me motivou a assistir a essa produção polonesa, foi à abundante quantidade de elogios da imprensa e o grande número de premiações cinematográficas em todo mundo que o filme recebeu. E ontem esses elogios ficaram ainda mais evidenciados com a indicação do filme ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, e do qual teoricamente desponta como favorito.  É bom lembrar que o filme também é o escolhido para representar a Polônia na corrida do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2014, e provavelmente vai figurar entre os cinco finalistas.

O filme acompanha a jovem noviça Anna (Agata Trzebuchowska), que por insistência de sua Madre superiora, deve antes de prestar seus votos e se tornar freira, visitar a única pessoa que resta de sua família (e que ela nunca conheceu), a sua tia Wanda (Agata Kulesza).


E a partir desse primeiro encontro, as descobertas de Anna são inúmeras e o choque com esse “novo mundo” trará mudanças significativas em sua vida. É quando de maneira crua sua tia revela que seu nome na realidade é Ida, que ela é judia (apesar de sempre seguir o catolicismo), e que toda sua família foi morta durante a guerra. E após tantas revelações, Ida resolve investigar o seu passado para descobrir onde estão os corpos de seus pais. E de maneira surpreendente, a sua tia Wanda resolve a acompanhar nessa viagem por vezes chocante e repleta de descobertas. Na realidade, Wanda sempre quis saber mais do passado, faltava uma razão para reviver ou descortinar o que ela já sabia e fazia questão de fingir que não aconteceu.

Em uma das minhas cenas prediletas (e totalmente alegórica), Ida e sua tia passam por uma estrada com ares fantasmagóricos e de uma fotografia realmente deslumbrante (é um dos pontos primordiais na qualidade do filme). Naquele momento, percebe-se que ambas vão vasculhar o passado, as suas próprias histórias e irão passar por modificações irreversíveis.

Como em determinado momento do filme é falado: "as duas representam uma dupla muito diferente". Ida é uma jovem noviça, recatada, de poucas palavras e de muita observação; já Wanda é o oposto, deixa transparecer sua audácia e seus prazeres carnais, tentando demonstrar no presente todo o poder de seu passado, quando era uma procuradora do Partido Comunista.

O filme é uma grande viagem de descobertas, tanto para as personagens quanto para o espectador. Algumas cenas são realmente fortes, as atuações das atrizes principais são irretocáveis, assim como a competente direção de Pawel Pawlikowski.

Ida é uma obra singela, tocante, mas sem deixar de evidenciar os horrores da guerra e o comprovado massacre ao povo judeu. Mais um belo filme na história do cinema polonês.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Crítica do Filme: Relatos Selvagens (2014) ***


Direção: Damián Szifrón
Elenco: Ricardo Darín, Rita Cortese, Oscar Martinez, Dario Grandinetti.
 

Meu Comentário: Construído a partir da junção de seis episódios totalmente hipnotizantes (e também totalmente independentes), Relatos Selvagens é uma das mais gratas “surpresas” cinematográficas de 2014. Indicado pela Argentina para concorrer a uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro, Relatos Selvagens foi também o único latino americano a disputar o festival de Cannes este ano, além de ter sido escolhido recentemente como o melhor filme estrangeiro pela National Board of Review (uma das mais prestigiadas associações de críticos dos Estados Unidos).

Tendo a vingança como o seu “fio condutor” entre os episódios, o filme surpreende o seu espectador com histórias muito bem construídas, inteligentes e repletas de humor negro. O engraçado é que durante a sessão em que estava era facilmente percebido risos e gargalhadas em situações costumeiramente vistas como “chocantes”, este é mais um dos grandes méritos da direção e também do roteiro do então desconhecido diretor argentino Damián Szifrón, que construiu uma obra amoral e muito simpática.

Possuindo ao menos três episódios que considero excelentes, e que por coincidência são os três primeiros da obra (Avião/Restaurante/Autoestrada), e por mais que os seis episódios se aproximem do mesmo nível qualitativo, sinceramente achei as três ultimas histórias (Guincho/Atropelamento/Noiva), um pouco longas e de conclusão inferiores ao restante.

Relatos Selvagens é uma obra prazerosa, divertida e realmente imprevisível, e essa imprevisibilidade de suas histórias que conquistam o seu espectador e o tornam um dos mais elogiados filmes do ano.

Crítica do Filme: O Juiz (2014) ***

Direção: David Donkin
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thorton.


Sinopse: Hank Palmer (Robert Downey Jr.), é um conceituado advogado, que retorna à cidade em que cresceu para o velório de sua mãe. E ainda tem que lidar com problemas familiares e também uma acusação de assassinato contra o seu pai, um veterano juiz, que é apontado pela polícia como responsável pela morte de um homem que condenou há vinte anos. Mesmo não se entendendo com o pai, Hank debruça-se sobre o caso, mas os dois não conseguem conviver amigavelmente e a possibilidade de condenação aumenta a cada revelação.

Meu Comentário: Respaldado nas competentes atuações de Robert Downey Jr. e Robert Duvall, “O Juiz” se inicia como um superficial “dramalhão” familiar e ao longo de sua exibição se torna um competente “drama de tribunal”.

Dirigido por David Donkin – que sempre se aventurou em comédias e em uma carreira repleta de altos (Eu Queria Ter sua Vida/2011) e baixos(Bater ou Correr em Londres/2003), o filme talvez seja o melhor momento de sua carreira.

Um dos mais evidentes problemas da obra é a sua extensa duração (aproximadamente duas horas e minutos), além de uma incontestável falta de ritmo em seu roteiro, pois o filme só prende realmente a atenção do seu espectador quando chega a sua “espinha dorsal”, e isso se dá apenas do meio do filme para frente. Sem falar em alguns personagens totalmente desnecessários e que pouco contribuem com a obra– tal como uma ex-namorada e sua história, que pouco acrescenta ao filme.

A grande razão de assistir ao filme é a oportunidade de se deliciar com as atuações de Robert Downey Jr.(em um personagem que é a sua cara!) e Robert Duvall, que é pra mim um dos grandes atores da historia do cinema, ainda que não seja devidamente valorizado como tal.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Alguns Filmes da Semana: Do tão aguardado Magia ao Luar ao decepcionante Sabotagem

Magia ao Luar (2014) **
Direção: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden.

Pra mim que sou um grande fã de Woody Allen, e faço questão de afirmar que ele é um dos meus diretores prediletos (e prova disso é que possuo em minha cinemateca todos os filmes de sua filmografia), posso criticar sem medo: Magia ao Luar é uma grande decepção.

Muito aquém dos últimos trabalhos do diretor – até mesmo do criticado Para Roma com Amor(2012), e do qual eu gostei –, o grande problema da obra é a sua exposta simplicidade. Os diálogos são inferiores ao melhor nível dos textos de Woody, o seu desenvolvimento é lento, e sinceramente o filme é totalmente inexpressivo dentro da filmografia do diretor. E não me venham com esse papo de que o pior de Woody Allen é melhor do que quase tudo que é feito, nesse caso especifico isso não é verdade.

Magia ao Luar é uma comédia romântica até interessante (e que consegue prender a atenção do espectador), com algumas boas sacadas e atuações simpáticas de Colin Firth e Emma Stone, entretanto, não possui o carisma, a inteligência e principalmente um roteiro que justifique ser uma obra do diretor.

Sabotagem (2014) *
Direção: David Ayer
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Sam Worthington, Olivia Williams.


Quando chega aos cinemas mais um filme estrelado por Schwarzenegger, sinceramente o meu interesse é zero. Já não espero nada de um ator/ex-governador, que no passado protagonizou grandes filmes de ação: True Lies, O Exterminador do Futuro, O Vingador do Futuro e mais alguns “clássicos” dos longínquos anos 80/90.

Esse Arnold dos últimos anos vem se empenhando em atuar em obras descartáveis e de extremo mau gosto, vide Os Mercenários (que abomino), O Último Desafio, o remake de A Volta ao Mundo em 80 Dias (protagonizado por Jackie Chan), e mais um emaranhado de filmes B. Mas o que me fez querer assistir a esse filme policial foi a direção de David Ayer, o mesmo do interessante Marcados para Morrer(2012). E para resumir Ayer, posso dizer que ele é um especialista em bons filmes de ação e achei que poderia ser surpreendido, mas não foi isso que ocorreu.

Sabotagem é descartável, banal, caricato e repleto de clichês, e o ponto alto da obra é a qualidade de suas cenas de ação (extremamente violentas) e a surpreendente atuação de Olivia Williams como uma investigadora (que sinceramente não conhecia, mesmo já tendo visto alguns filmes de sua filmografia). Resumindo, fujam que o filme é uma grande decepção.

sábado, 29 de novembro de 2014

Filmes da Semana: Livrai-nos do Mal, The Homesman e O Homem mais Pocurado

Essa semana foi uma correria total, tanto para colocar projetos pessoais em dia quanto na tentativa de assistir ao maior número de filmes possíveis. E dentre as obras assistidas, poucas foram as minhas surpresas. Na realidade, tentei dar preferência a filmes que possuem uma chance ao próximo Oscar, ou que tiveram um grande impacto de público, mas já posso adiantar que colecionei decepções.

Livrai-nos do Mal (2014) **1/2
Direção: Scott Derrickson
Elenco: Eric Bana, Edgar Ramirez, Joel McHale.

Livrai-nos do Mal é mais um dentre tantos filmes de suspense que abordam o tema de possessão. E que ultimamente vêm sendo repetidamente associados a uma questionável veracidade, tudo para atrair um número ainda maior de espectadores.

E o grande problema do filme é a incansável “montanha russa” que é o seu desenvolvimento. A sua primeira metade é realmente hipnotizante, e conseguiu me absorver com uma carga elevada de suspense e algumas cenas realmente impactantes (como a da investigação no zoológico). Já da metade do filme para frente (e onde grande parte dos questionamentos já foi revelado), o filme se torna convencional e segue uma banal previsibilidade. Sem falar na constante presença de situações estereotipadas pelo gênero.

Um dos pontos altos do filme é a boa participação do ator Joel McHale, que confesso não conhecia.  No papel do parceiro de Eric bana, ele realmente rouba algumas cenas com suas frases de efeito cômico.

Livrai-nos do Mal tem a capacidade de conseguir a atenção do seu espectador (o que é mais difícil), e a mesma competência para fazê-lo perceber que o filme é apenas mais um entre vários filmes do gênero.

The Homesman (2014) ***
Direção: Tommy Lee Jones
Elenco: Tommy Lee Jones, Hilary Swank, Grace Gummer,  John Lithgow.

Após três mulheres de uma comunidade remota do Nebraska aparentarem loucura, cabe a solitária Mary Bee Cuddy (Swank), ao lado de um “criminoso” (Tommy Lee Jones), levá-las para o leste do país na tentativa de encontrarem refúgio e uma possível cura.

Segundo filme dirigido por Tommy Lee Jones, o primeiro foi Três Enterros(2005), The Homesman disputou o Festival de Cannes em 2014 sem muito alarde, além de estar cotado para possíveis indicações ao próximo Oscar, principalmente em relação a elogiada atuação de Hilary Swank.

Sinceramente, o filme não conseguiu me cativar logo de começo, foi ao longo do seu desenvolvimento que me fui interessando cada vez mais por seus personagens, por sua história, e principalmente pela conturbada e nada convencional relação entre os viajantes: três mulheres loucas, um criminoso que aceita participar da missão em troca de 300 dólares e por ter uma “dívida de vida”, e Mary Bee, uma religiosa mulher que comanda a missão justamente por ser a única solitária de sua comunidade.

Também não posso deixar de destacar a excelente escolha das locações do filme. É onde podemos observar um território frio, inóspito e totalmente insalubre, e que são importantes componentes nessa missão suicida.

Entre as atuações destaco Grace Gummer (como uma das mulheres loucas); Hilary Swank, em uma das melhores atuações de sua carreira; e principalmente Tommy Lee Jones, que é o mais interessante personagem do filme. Sua atuação é extremamente vibrante, e seus diálogos são tão sinceros quanto cômicos.


Também não posso deixar de citar o final um tanto quanto subjetivo da obra. Tentando comentar o mínimo para não atrapalhar ao leitor que ainda não o assistiu, posso dizer que apesar de tudo que o personagem de Tommy Lee passou ao lado dessas quatro mulheres, ele continua sendo um cidadão do mundo.

The Homesman possui muitas qualidades (principalmente em relação às atuações do elenco), e melhora muito em seus minutos finais, e onde o filme tem o seu ápice em  uma memorável cena entre Tommy Lee e Hilary Swank. Contudo, o filme continua apresentando os mesmos deslizes da obra anterior do diretor, é muito distante do seu espectador. 

O Homem mais Procurado (2014) **
Direção: Anton Corbijn
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Rachel McAdams, Daniel Bruhl, Grigoriy Dobrygin, Willem Dafoe.


Quando um imigrante de origem chechena chega à comunidade islâmica de Hamburgo (Alemanha), rapidamente os departamentos de investigação passam a acompanhar os seus passos na tentativa de desvendar uma possível ligação com o terrorismo. E cabe ao chefe do núcleo secreto alemão, o questionado Gunther Bachman(Philip Seymour Hoffman), direcionar as investigações, mesmo com uma continua pressão de  outros departamentos de policia e também da embaixada americana.

Como já disse algumas vezes, são poucos os filmes que abordam a espionagem internacional que realmente conseguem me agradar. Na realidade, a minha sensação é sempre de “dèjà-vu’, pois nesses filmes estão sempre presentes os mesmos elementos: personagens reclusos e bem construídos; diálogos inteligentes e por vezes intermináveis; uma trama repleta de reviravoltas; e um desenvolvimento impreterivelmente maçante. E são poucos, pouquíssimos os filmes que ousam traçar um caminho diferente, e infelizmente “O Homem mais procurado” não é um deles.

Baseado na obra do especialista no assunto John Le Carré, que também escreveu e viu chegar às telas os filmes: O espião que veio do frio(1965), O Alfaiate do Panamá(2001), O Jardineiro Fiel(2005) e o seu último sucesso, O Espião que sabia Demais(2011). O Homem mais procurado é fiel a cartilha do gênero e não me surpreendeu em nada. O ponto alto é a última atuação de Philip Seymour Hoffman nos cinemas, que logo após finalizar as filmagens foi encontrado morto em seu quarto de hotel.

Destaco também as interessantes atuações de Willem Dafoe (como um misterioso banqueiro) e Grigoriy Dobrygin (no papel do imigrante Issa), que conseguem reproduzir com eficiência todas as nuances de seus personagens.

Já direção de Anton Corbijn é tão elegante quanto sem vida, assim como já havia realizado no também imemorável “Um Homem Misterioso (2010)”.

Não sendo somente uma obra sobre terrorismo, como também uma crítica feroz as políticas de segurança internacionais e mais diretamente ao intervencionismo americano, O Homem mais Procurado é apenas eficiente em “amarrar” todas as linhas estruturais de seu roteiro. Entretanto, peca em apostar em uma história muito semelhante a outras tantas já adaptadas ao cinema, e sinceramente o resultado não me agradou.

domingo, 16 de novembro de 2014

Crítica do Filme: O Homem Novembro: Um Espião Nunca Morre (2014) **

Direção: Roger Donaldson
Elenco: Pierce Brosnan, Luke Bracey, Olga Kurylenko.


Sinopse: Peter Devereaux (Pierce Brosnan) é um espião da CIA que é responsável pelo treinamento do novato David Mason (Luke Bracey). Os dois estão envolvidos em uma missão que não dá certo e desde então Peter se afasta do ramo da espionagem, mas é trazido de volta cinco anos depois pelo velho amigo Hanley. Peter é então enviado para a tarefa, fora dos trâmites oficiais da CIA, mas ao chegar percebe que há bem mais interesses por trás desta situação.

Meus Comentários: O Homem Novembro é mais um, entre vários filmes que apresentam a mesma temática: a espionagem internacional. E mais uma vez quem protagoniza o papel principal é o carismático Pierce Brosnan, revivendo nos cinemas o papel mais celebre de sua carreira, a de um agente secreto, assim como fez na franquia 007.

O filme é dirigido por Roger Donaldson – que possui alguns triunfos em sua carreira, como nos interessantes "A Fuga", "O Inferno de Dante" e "13 Dias que Abalaram o Mundo",  contudo, demonstra nessa obra que sua filmografia está mesmo em declínio total, já que desde o interessante O Novato(2003)  não apresenta um bom filme nos cinemas, só contabilizado fracassos – como no fraquíssimo O Pacto (2011).

O Homem Novembro se perde ao tentar ser um grande filme de espionagem, quando na realidade não passa de uma obra genérica e filmada de maneira desinteressante. E nem mesmo suas cenas de ação ou as suas nada surpreendentes reviravoltas são capazes de deixar o seu roteiro ser menos “banal” e mais atraente ao seu espectador.