Críticas de Filmes

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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Crítica: O Vale do Amor (2015) **

Direção: Guillaume Nicloux 
Elenco: Gérard Depardieu, Isabelle Huppert

 “O Vale do Amor” é dirigido por Guillaume Nicloux (A Religiosa) e brilhantemente protagonizado por Gérard Depardieu e Isabelle Huppert. O filme concorreu ao Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2015, mas sem nenhum alarde. Além disso, foi indicado nas categorias de melhor ator e melhor atriz no César, o Oscar do cinema francês. 

Apesar das ótimas atuações de Depardieu (assustadoramente acima do peso) e Huppert, que interpretam personagens com o mesmo nome, “O Vale do Amor” falha ao se concentrar tão fortemente na relação dos protagonistas, tornando o espectador um “mero espectador”. Não há emoção, não há envolvimento, não há sentimento. O filme é frio e contemplativo, e perceptivelmente, a sensação é intencional. 

Seis meses após a morte do filho por suicídio, Isabelle e Gérard recebem uma carta comprovadamente atribuída a ele pedindo para irem ao Vale da Morte, nos Estados Unidos. Nela, ele afirma que aparecerá para os pais durante o roteiro que elaborou. Separados há anos, Isabelle e Gérard aproveitam o reencontro para discutir o passado, enquanto revivem a dor do luto.  
A obra deixa perceptível que ambos sabiam pouco sobre a vida do filho, suas motivações e sentimentos. Dessa forma, a viagem é uma forma de buscar respostas, uma nítida demonstração de arrependimento. 

“O Vale do Amor” une espiritualidade e fé, e o resultado é uma oba minimalista, irregular e entediante. Se não fossem as atuações dos protagonistas e as belas paisagens do Vale da Morte, a obra seria totalmente dispensável.

sábado, 16 de maio de 2015

Festival de Cannes 2015 - Concorrentes

Iniciou-se no ultimo dia 13 e vai até o dia 24 desse mês, a 68° edição do Festival de Cannes, o mais importante e influente festival de cinema do mundo. E parte dessa importância é muito devida a uma capacidade monumental de exposição dessas obras para os mais importantes veículos de comunicação do mundo (críticos de cinema), além de produtores e distribuidores. Sendo assim, somente a participação de uma obra no festival já é garantia de uma  ampla divulgação e posteriormente, um aumento significativo de uma “carreira” de sucesso em outros festivais, premiações e bilheterias pelo mundo. 

Só para exemplificar, na última edição de Cannes em 2014, estavam concorrendo ao Palma de Ouro: Sono de Inverno (e que venceu), Acima das Nuvens, Mommy, Mr.Turner, Foxcatcher, Relatos Selvagens, Leviatã, Timbuktu e Dois Dias, uma Noite. E com essa lista, podemos perceber muito claramente todo o “poder” de influencia do festival, já que grande parte dos participantes estão presentes nas mais importantes listas de melhores filmes do ano passado, além de também terem sido finalistas do Oscar e do Globo de Ouro.

O  júri desse ano é presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, e também composto por Guilhermo Del Toro, Xavier Dolan, Sophie Marceau, Sienna Miller e Jake Gyllenhaal.

Segue abaixo a lista dos filmes do Festival de Cannes desse ano:

PALMA DE OURO
Dheepan (Jacques Audiard)
A Simple Man (Stéphane Brizé)
Marguerite and Julien (Valérie Donzelli)
The Tale of Tales (Matteo Garrone)
Carol (Todd Haynes)
The Assassin (Hou Hsiao Hsien)
Mountains May Depart (Jia Zhang-Ke)
Our Little Sister (Kore-eda Hirokazu)
Macbeth (Justin Kurzel)
The Lobster (Yorgos Lanthimos)
Mon Roi (Maïween)
Mia Madre (Nanni Moretti)
Son of Saul (László Nemes)
Youth (Paolo Sorrentino)
Lounder Than Bombs (Joachim Trier)
The Sea of Trees (Gus Van Sant)
Sicario (Denis Villenueve)

FORA DE COMPETIÇÃO
Irrational Man (Woody Allen)
Divertida Mente (Pete Docter)
Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller)
O Pequeno Príncipe (Mark Osborne)
Love (Gaspar Noé)

UN CERTAIN REGARD
An (Naomi Kawase) 
The Chosen Ones (David Pablos)
Fly Away Solo (Neeraj Ghaywan)
The Fourth Direction (Gurvinder Singh)
The High Sun (Dalibor Matanic)
I Am a Soldier (Laurent Lariviere)
Journey to the Shore (Kiyoshi Kurosawa)
Madonna (Shin Suwon)
Maryland (Alice Winocour)
Nahid (Ida Panahandeh)
One Floor Below (Radu Muntean)
The Other Side (Roberto Minervini)
Rams (Grimur Hakonarson)
The Shameless (Oh Seung-uk)
The Treasure (Corneliu Porumboiu)
Alias Maria (José Luis Rugeles Gracia)
Taklub (Brillante Mendoza)
Lamb (Yared Zeleke)
Cemetery of Splendour (Apichatpong Weerasethakul)

sábado, 29 de novembro de 2014

Filmes da Semana: Livrai-nos do Mal, The Homesman e O Homem mais Pocurado

Essa semana foi uma correria total, tanto para colocar projetos pessoais em dia quanto na tentativa de assistir ao maior número de filmes possíveis. E dentre as obras assistidas, poucas foram as minhas surpresas. Na realidade, tentei dar preferência a filmes que possuem uma chance ao próximo Oscar, ou que tiveram um grande impacto de público, mas já posso adiantar que colecionei decepções.

Livrai-nos do Mal (2014) **1/2
Direção: Scott Derrickson
Elenco: Eric Bana, Edgar Ramirez, Joel McHale.

Livrai-nos do Mal é mais um dentre tantos filmes de suspense que abordam o tema de possessão. E que ultimamente vêm sendo repetidamente associados a uma questionável veracidade, tudo para atrair um número ainda maior de espectadores.

E o grande problema do filme é a incansável “montanha russa” que é o seu desenvolvimento. A sua primeira metade é realmente hipnotizante, e conseguiu me absorver com uma carga elevada de suspense e algumas cenas realmente impactantes (como a da investigação no zoológico). Já da metade do filme para frente (e onde grande parte dos questionamentos já foi revelado), o filme se torna convencional e segue uma banal previsibilidade. Sem falar na constante presença de situações estereotipadas pelo gênero.

Um dos pontos altos do filme é a boa participação do ator Joel McHale, que confesso não conhecia.  No papel do parceiro de Eric bana, ele realmente rouba algumas cenas com suas frases de efeito cômico.

Livrai-nos do Mal tem a capacidade de conseguir a atenção do seu espectador (o que é mais difícil), e a mesma competência para fazê-lo perceber que o filme é apenas mais um entre vários filmes do gênero.

The Homesman (2014) ***
Direção: Tommy Lee Jones
Elenco: Tommy Lee Jones, Hilary Swank, Grace Gummer,  John Lithgow.

Após três mulheres de uma comunidade remota do Nebraska aparentarem loucura, cabe a solitária Mary Bee Cuddy (Swank), ao lado de um “criminoso” (Tommy Lee Jones), levá-las para o leste do país na tentativa de encontrarem refúgio e uma possível cura.

Segundo filme dirigido por Tommy Lee Jones, o primeiro foi Três Enterros(2005), The Homesman disputou o Festival de Cannes em 2014 sem muito alarde, além de estar cotado para possíveis indicações ao próximo Oscar, principalmente em relação a elogiada atuação de Hilary Swank.

Sinceramente, o filme não conseguiu me cativar logo de começo, foi ao longo do seu desenvolvimento que me fui interessando cada vez mais por seus personagens, por sua história, e principalmente pela conturbada e nada convencional relação entre os viajantes: três mulheres loucas, um criminoso que aceita participar da missão em troca de 300 dólares e por ter uma “dívida de vida”, e Mary Bee, uma religiosa mulher que comanda a missão justamente por ser a única solitária de sua comunidade.

Também não posso deixar de destacar a excelente escolha das locações do filme. É onde podemos observar um território frio, inóspito e totalmente insalubre, e que são importantes componentes nessa missão suicida.

Entre as atuações destaco Grace Gummer (como uma das mulheres loucas); Hilary Swank, em uma das melhores atuações de sua carreira; e principalmente Tommy Lee Jones, que é o mais interessante personagem do filme. Sua atuação é extremamente vibrante, e seus diálogos são tão sinceros quanto cômicos.


Também não posso deixar de citar o final um tanto quanto subjetivo da obra. Tentando comentar o mínimo para não atrapalhar ao leitor que ainda não o assistiu, posso dizer que apesar de tudo que o personagem de Tommy Lee passou ao lado dessas quatro mulheres, ele continua sendo um cidadão do mundo.

The Homesman possui muitas qualidades (principalmente em relação às atuações do elenco), e melhora muito em seus minutos finais, e onde o filme tem o seu ápice em  uma memorável cena entre Tommy Lee e Hilary Swank. Contudo, o filme continua apresentando os mesmos deslizes da obra anterior do diretor, é muito distante do seu espectador. 

O Homem mais Procurado (2014) **
Direção: Anton Corbijn
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Rachel McAdams, Daniel Bruhl, Grigoriy Dobrygin, Willem Dafoe.


Quando um imigrante de origem chechena chega à comunidade islâmica de Hamburgo (Alemanha), rapidamente os departamentos de investigação passam a acompanhar os seus passos na tentativa de desvendar uma possível ligação com o terrorismo. E cabe ao chefe do núcleo secreto alemão, o questionado Gunther Bachman(Philip Seymour Hoffman), direcionar as investigações, mesmo com uma continua pressão de  outros departamentos de policia e também da embaixada americana.

Como já disse algumas vezes, são poucos os filmes que abordam a espionagem internacional que realmente conseguem me agradar. Na realidade, a minha sensação é sempre de “dèjà-vu’, pois nesses filmes estão sempre presentes os mesmos elementos: personagens reclusos e bem construídos; diálogos inteligentes e por vezes intermináveis; uma trama repleta de reviravoltas; e um desenvolvimento impreterivelmente maçante. E são poucos, pouquíssimos os filmes que ousam traçar um caminho diferente, e infelizmente “O Homem mais procurado” não é um deles.

Baseado na obra do especialista no assunto John Le Carré, que também escreveu e viu chegar às telas os filmes: O espião que veio do frio(1965), O Alfaiate do Panamá(2001), O Jardineiro Fiel(2005) e o seu último sucesso, O Espião que sabia Demais(2011). O Homem mais procurado é fiel a cartilha do gênero e não me surpreendeu em nada. O ponto alto é a última atuação de Philip Seymour Hoffman nos cinemas, que logo após finalizar as filmagens foi encontrado morto em seu quarto de hotel.

Destaco também as interessantes atuações de Willem Dafoe (como um misterioso banqueiro) e Grigoriy Dobrygin (no papel do imigrante Issa), que conseguem reproduzir com eficiência todas as nuances de seus personagens.

Já direção de Anton Corbijn é tão elegante quanto sem vida, assim como já havia realizado no também imemorável “Um Homem Misterioso (2010)”.

Não sendo somente uma obra sobre terrorismo, como também uma crítica feroz as políticas de segurança internacionais e mais diretamente ao intervencionismo americano, O Homem mais Procurado é apenas eficiente em “amarrar” todas as linhas estruturais de seu roteiro. Entretanto, peca em apostar em uma história muito semelhante a outras tantas já adaptadas ao cinema, e sinceramente o resultado não me agradou.

sábado, 20 de setembro de 2014

Crítica do Filme: Era uma vez em Nova York(2014) ***

Direção: James Gray 
Elenco: Marion Cotillard, Joaquin Phoenix, Jeremy Renner.


Sinopse: Em 1921, as irmãs polonesas Magda (Angela Sarafyan) e Ewa Cybulski (Marion Cotillard) partem em direção a Nova Iorque, em busca de uma vida melhor. Mas, assim que chegam, Magda fica doente e Ewa, sem ter a quem recorrer, acaba nas mãos do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix). A chegada de Orlando (Jeremy Renner), mágico e primo de Bruno, mostra um novo amor e um novo caminho para Ewa, mas o ciúme de Bruno acaba provocando uma tragédia.

Meus Comentários: Esperava muito mais desse novo filme do diretor James Gray, que concorreu à Palma de Ouro do festival de Cannes em 2013. Lembro que Gray possui uma enorme boa vontade por parte dos realizadores do festival, que ano após ano selecionam seus filmes para a concorrida disputa ao premio máximo do maior festival de cinema do mundo. Confesso também que não sou nenhum fã das obras realizadas por Gray, citando apenas o bom policial Os Donos da Noite(2007), como o meu filme predileto de sua filmografia. E ao assistir "Era uma vez em Nova York", tive a mesma sensação do seu ultimo trabalho, o excessivamente elogiado Amantes(2008), pois ambas as obras são frias e distantes, e onde seus grandes méritos são as atuações do elenco e uma profundidade de seus personagens que temos que louvar. Ambas as obras possuem narrativa clássica e densa, e prendem a atenção do seu público com personagens humanos e situações "labirínticas".

Era uma vez em Nova York possui uma excelente ambientação e também atuações vibrantes de Marion Cotillard e Joaquin Phoenix,  não passando de um drama convencional e repleto de erros e acertos, resumindo, uma obra irregular e pouco surpreendente.