Críticas de Filmes

Críticas de Filmes

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Crítica: 45 Anos (2015) ***

Direção: Andrew Haigh
Elenco: Charlotte Rampling, Tom Courtenay.

Sinopse: Kate Mercer (Charlotte Rampling) está planejando a festa de comemoração dos 45 anos de casada. Porém, cinco dias antes do evento, o marido recebe uma carta: o corpo de seu primeiro amor foi encontrado congelado no meio dos Alpes Suíços. A estrutura emocional deles é seriamente abalada e Kate já não sabe se vai ter o que comemorar durante a festa.

Meu Comentário: Apesar de Charlotte Rampling ser uma das melhores atrizes de sua geração, somente agora, aos 69 anos, ela pode receber sua primeira indicação ao Oscar de melhor atriz. Sem dúvida alguma, um grande absurdo. Só para você ter noção, a atriz já foi indicada 5 vezes em sua categoria no European Film Awards, que premia os melhores filmes realizados no continente europeu.  Aliás, Rampling e Courtenay estão sendo muito elogiados por sua atuação em 45 Anos, merecidamente. 

45 anos é a versão 2015 do premiado Amor (2012), que foi dirigido por Haneke e brilhantemente protagonizado por um casal de atores idosos (Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant). Resultado, Oscar de melhor filme estrangeiro e indicações de melhor filme e atriz. E apesar das histórias serem bem diferentes, a essência é a mesma. Um Tour de Force protagonizado por Rampling e Courtenay, que durante 90 minutos, tem a oportunidade de apresentar grandes atuações, ainda amplificadas por excessivos closes e uma obra que se apega mais as atuações que a própria história.

Para ser justo, tenho que exaltar a forma que a história é desenvolvida. Apesar de sua curta duração, o filme trabalha muito bem os impactos emocionais que o casal sofre com a chegada da notícia da descoberta do corpo do primeiro amor de Geoff (Courtnay), que simplesmente desapareceu em uma geleira na Suíça enquanto ainda namoravam. É claro, uma grande tragédia. Que ao longo do filme, verificamos que impactou toda a relação, e só agora, após o choque do acontecimento, que Rampling percebe a presença desse fantasma durante os 45 anos de seu relacionamento. 

A principio o grande abalo é em relação a Geoff, mas depois de um tempo, é Kate a maior assombrada pelo passado do marido. E nos detalhes, na sutileza da história, ela vai percebendo o impacto que aquele antigo amor tem sobre seu marido e sua vida. 


O filme apresenta enquadramentos deslumbrantes e atuações corajosas. Uma das cenas mais importantes do filme é quando o casal sexagenário em um momento de reconciliação resolve fazer amor. Durante o ato, ela pede ao marido que abra os olhos, e imediatamente ele não consegue manter a ereção. Uma clara demostração de que ele estava com sua esposa na cama, mas com o passado na cabeça.

45 anos é um grande filme. Um grande filme repleto de pequenos gestos, uma história sutil e poderosa. Alias, muito bem desenvolvida pela direção de Andrew Haigh, e onde brilham os dois experientes atores. Posso afirmar que está não é a melhor atuação da carreira de Rampling, mas sim, mais uma grande atuação de sua carreira. E antes que me esqueça, a cena final é primorosa. 45 anos é um dos mais memoráveis filmes de 2015.

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