Críticas de Filmes

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domingo, 24 de maio de 2015

Crítica: 007 – Operação Skyfall (2012)***** (REVISÃO)

Direção: Sam Mendes
Gênero: Ação/Suspense
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Albert Finney, Ben Whishaw.

Meu comentário: Recentemente tive a oportunidade de rever 007 - Operação Skyfall, e me surpreendi com a grande qualidade do filme. E posso chegar até mesmo a afirmar que é indiscutivelmente o melhor filme da franquia (muito devido ao calor do momento).

Hipnótico, divertido e repleto de frases de efeito, como na cena da "tortura" de Bond pelo vilão Silva( interpretado por Javier Bardem), que é tão bem filmada quanto idealizada. Operação Skyfall me (re)surpreendeu do inicio ao fim. Realmente estamos a frente de uma obra diferenciada e clássica dos "pés a cabeça".

Segue abaixo a crítica original:

Crítica do Filme
007 – Operação Skyfall, chega as telas justamente no ano em que o mais famoso agente secreto do cinema, James Bond, comemora 50 anos de sua estréia no inesquecível “007 Contra o Satânico Dr.No”. E incrivelmente, após seus 23 filmes e seis atores interpretando o personagem principal (Sean Connery, Roger Moore, Timothy Dalton, George Lazenby, Pierce Brosnan e finalmente Daniel Craig), Skyfall é saudada por grande parte da crítica mundial – e também nas bilheterias –, como o melhor filme da série, nesse aspecto eu concordo em parte.

Desde os primeiros romances de seu criador Ian Fleming, Bond sempre carregou características marcantes: elegância, britânico, rebelde e extremamente mulherengo, e confesso que ao descobrir que Daniel Craig havia sido escolhido para interpretar o imponente personagem nos cinemas, não consegui enxergar a priori essas renomadas características nele, uma vez que as vejo facilmente em Sean Connery (saudado como o melhor Bond da História), Roger Moore (meu predileto) e Pierce Brosnan (que apesar de sua fácil identificação, falhou pelos excessos de ação e pouco conteúdo de seus filmes). Hoje percebo que Craig foi uma escolha acertada e ele está incrivelmente bem em Operação Skyfall.

Outras características marcantes dos filmes 007 são seus personagens recorrentes, como M, Q e Moneypenny, vilões excêntricos, lugares exóticos, seus aparatos tecnológicos sofisticados, carros incríveis, as belíssimas “Bond Girls”, além de toda caracterização visual e sonora do filme: seu inicio sempre repleto de ação, logo depois entra em cena o clipe musical durante os créditos iniciais – já cantados por Adele, Paul McCartney, Tina Turner, Sheena Easton, Duran Duran e em grande parte, lideres das paradas de sucesso –, a marcante musica tema e a famosa cena do tiro. Todos os momentos citados acima são marcantes e obrigatórios para todo Bond fanático. E mesmo eu sendo um admirador apenas distante da Bond mania, qualquer coisa diferente dessas marcantes características soa para mim como falha e fuga de um obrigatório e clássico formato.


E após os últimos três filmes protagonizados por Daniel Craig (Casino Royale, Quantum of Solace e Operação Skyfall), percebemos uma mudança acentuada na condução dos filmes e também na interpretação de James Bond. Os novos filmes estão cada vez mais realistas, viscerais, menos glamorosos e acima de tudo, com personagens mais “humanos” e menos fantasiosos. Talvez por isso a série 007 tenha se reinventado e recebido tantos elogios nas suas ultimas três obras, especialmente Skyfall, que é na verdade uma síntese de todas essas mudanças e uma obra de maturidade, que com a destreza e capacidade da direção de Sam Mendes (Beleza Americana), solidificou traços clássicos com essa “nova roupagem” mais séria, realista, e onde as inacreditáveis cenas de ação deram lugar a personagens cada vez mais complexos e de fácil aceitação para o espectador. Simplificando, o fantástico deu vez a uma seriedade que me agrada, mas pode parecer presunçosa perante uma história tão fantástica e de meio século de enorme sucesso.

007 – Operação Skyfall é marcante por ser uma obra de excelência em relação aos três últimos filmes da série, tanto em seus conceitos como no desenvolvimento do roteiro, além de ser de fácil percepção o quanto Daniel Craig e Judi Dench estão a vontade e incrivelmente bem em seus papeis – mas muito longe das indicações e premiações que Dench tem recebido por seu trabalho em Skyfall, onde não enxergo nada a mais do que uma contida Judi Dench. Outro mérito da obra é ter conseguido “criar” um personagem tão enigmático e complexo - além de visualmente gay (o que é uma grande ousadia) -, e ao mesmo tempo palpável quanto é Silva, novamente em uma ótima atuação de Javier Bardem, e que com sua jornada pessoal de vingança brilha nas telas e pode novamente ser indicado como melhor ator coadjuvante na edição 2012 do Oscar– mas em minha opinião, com poucas chances de ser o vencedor.
Extremamente hipnótico (seu inicio é envolvente e fantástico), repleto de homenagens e citações aos grandes clássicos da franquia, além de uma condução potencial porém com traços artísticos de Sam Mendes (como na ótima cena da luta de Bond em uma jogo de sombras), Skyfall é o grande blockbuster do ano e se for para termos um indicado mais popular ao Oscar de melhor filme em 2012 indicaria de olhos fechados 007 em relação ao sempre pretensioso Batman de Christopher Nolan. E ainda abro outro importante questionamento, quando Sam Mendes veio a público falar que se baseou na direção de Nolan e seus Batmans para aceitar dirigir o seu 007, acredito que ele não tenha falado quanto a forma de dirigir e sim tenha percebido que um grande diretor pode sim se envolver em um projeto tão direcionado e pouco autoral quanto são os filmes de ação e percebeu a possibilidade de ser não apenas um realizador, e sim construir uma obra com sua marca, pois na condução do filme em nada percebo semelhanças entre um e outro, na realidade, percebo sim e em ambos, as preciosas e particulares tendências de suas direções.
Trailer Aqui.

sábado, 1 de junho de 2013

Crítica do Filme: Amor Profundo (2012)**1/2 (Bom porém Irregular)

Direção: Terence Davies
Gênero: Drama/ Romance
Elenco: Rachel Weisz, Tom Hiddleston, Ann Mitchell, Simon Russell Beale.
Sinopse:
Londres, 1950. Hester Collyer (Rachel Weisz), a jovem esposa do juiz William Collyer (Simon Russell Beale), leva uma vida confortável. Apesar de tudo, o seu casamento há muito que perdeu a chama e ela sente-se infeliz e incompreendida. Até ao dia em que conhece Freddie Page (Tom Hiddleston), um atraente e impetuoso ex-piloto da força aérea britânica. A paixão por Freddie, assim como a relação nasce entre os dois, deixa-a emocionalmente dependente dele e, simultaneamente, isolada de todos os outros.

Comentário:
Amor Profundo é baseado em uma peça escrita na década de 50 e também remake de uma produção cinematográfica que recebeu o nome original (que na verdade prefiro) de O Profundo Mar Azul(1955), sendo dirigida por Anatole Litvak e protagonizado pela excepcional Vivian Leigh (E O Vento Levou). Nessa nova produção onde a direção coube ao inglês e excessivamente estiloso Terence Davies, o filme consegue ser um painel doloroso e verdadeiramente profundo sobre as nuances do amor e da paixão, sendo revelador também das causas e conseqüências de sua entrega a esses poderosos sentimentos.

Visualmente diferenciado, porém irregular em sua condução (principalmente por seu prólogo contemplativo!), Amor Profundo se sustenta nas imponentes atuações de Rachel Weisz (indicada ao Globo de Ouro da categoria) e Simon Russell Beale, que consegue roubar um pouco o filme como seu também apaixonado e dedicado marido. Na verdade o filme é um retrato doloroso de um triangulo amoroso onde a incompreensão e a falta de dedicação ao amor do outro é uma constante. Trailer Aqui.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Crítica do Filme: Depois de Lúcia (2012)**** (Ótimo/Imperdível)

Direção: Michel Franco
Gênero: Drama
Elenco: Tessa Ia, Hernán Mendoza, Gonzalo Veja Sisto.
Sinopse:
Quando a esposa de Roberto (Gonzalo Vega Jr.) morre, a relação dele com sua filha Alejandra (Tessa Ia), de 15 anos, fica abalada. Para escapar da tristeza que toma conta da rotina dos dois, pai e filha deixam a cidade de Vallarda e rumam para a Cidade do México em busca de uma nova vida. Alejandra ingressa em um novo colégio, e sentirá toda a dificuldade de começar de novo quando passa a sofrer abusos físicos e emocionais. Envergonhada, a menina não conta nada para o pai, e à medida que a violência toma conta da vida dos dois, eles se afastam cada vez mais.

Crítica: Estou até agora estupefato para não dizer chocado com essa brilhante obra cinematográfica chamada Depois de Lucia. Verdadeiramente ano após ano o cinema latino americano tem demonstrado uma grande capacidade de construir obras poderosas e de excelente qualidade, seja no cinema brasileiro, no argentino, no chileno e especialmente no mexicano. Na verdade Depois de Lúcia lembra muito outra obra prima realizado no México e que tenho grande admiração, o nostálgico E Sua Mãe Também (2001), que assim como ele consegue realizar o retrato de uma geração de maneira diferenciada e acima de tudo repleta de questionamentos e reflexões.

 Tudo começa após Alejandra (em uma atuação elogiosa de Tessa Ia), se mudar com seu pai (Gonzalo Veja Jr.) para a Cidade do México após um incidente envolvendo sua mãe (que depois é explicado). Nesse instante o espectador tem contato com a doce Alejandra, que ao longo do filme vai se revelando uma adolescente que apesar de toda aparência frágil não é tão “santa” assim. Após um exame toxicológico obrigatório em seu colégio descobrimos ao lado do seu pai que ela usa drogas (será que após o incidente da mãe?), e logo depois durante uma festa com seus amigos acaba cometendo a estupides de transar com um colega de escola e se deixar gravar, mas acontece o impensado e o vídeo vai parar na internet . Com isso Alejandra começa a sofrer perseguições na escola (bullying) e aí começa um verdadeiro inferno em sua vida. E para demonstrar toda a crueldade envolvendo aqueles jovens o filme toma um rumo sádico, e onde observamos Alejandra passar as piores humilhações nas mãos de seus “amigos” e de maneira impassível somos apresentados a algumas cenas de “embrulhar o estomago” e que realmente me deixaram assombrado.


Seguindo rumos inesperados e uma direção eficiente Michel Franco, Depois de Lúcia se mantem com ótimo desenvolvimento e um roteiro vibrante, que ao lado de atuações convincentes tornam o filme  uma obra admirável do principio ao fim, pois é justamente em seu final que o filme reúne grandes motivos para ser chamado de uma imperdível obra prima.Trailer Aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

Crítica do Filme: 2 Dias em Nova York (2012)**1/2 (Bonzinho!)

Direção: Julie Delpy
Gênero: Comédia
Elenco: Julie Delpy, Chris Rock, Alexia Landeau, Alexandre Nahon, Albert Delpy.
Sinopse:
Marion (Julie Delpy) é uma francesa sediada em Nova York, onde vive com Mingus (Chris Rock), os dois filhos que tiveram em outros relacionamentos e um gato. O casal está totalmente apaixonado! Marion é uma fotógrafa e prepara sua exposição, enquanto que Mingus é um jornalista de rádio. A rotina dos dois é abalada com a chegada da família de Marion, repleta de hábitos franceses muito incomuns aos olhos de seu marido.

Comentário: 2 Dias em Nova York é mais uma “aventura” da interessante atriz francesa Julie Delpy por trás das câmeras. Multifacetada – ela é atriz, compositora, roteirista e diretora –, Delpy que antes já havia ajudado no roteiro do cultuado Antes do Pôr do Sol (2004), estreou como diretora na primeira parte dessa brincadeira cultural que foi 2 Dias em Paris(2007). Dessa vez a diretora conseguiu se superar em uma obra menos engraçada, porém muito mais madura e que há todo momento lembra os textos e o estilo de uma obra de Woody Allen.


O filme consegue alternar um ótimo texto com algumas cenas realmente hilárias (a maioria quanto à sexualidade aflorada da família), além focar seus conflitos no imenso contraste entre o estilo americano de viver e o francês (a grande premissa do filme). Com boas atuações de todo o elenco, algumas situações um pouco forçadas, e uma singularidade presente em todo o desenvolvimento da obra, 2 Dias em Nova York se revela uma sessão de cinema leve, descontraída e realmente satisfatória para um espectador que foge de um emaranhado de situações absurdas para encontrar uma boa comedia onde o grande destaque é seu texto. Trailer Aqui.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica do Filme: A Datilógrafa (2012)**1/2 (Bonzinho)


Direção: Regis Roinsard
Gênero: Comédia Romântica
Elenco: Romain Duris, Déborah François, Bérénice Bejo.
Sinopse:  Rose Pamphule resolve sair de sua cidade e tenta um emprego de datilógrafa no escritório de seguros de Louis. Mesmo se suas habilidades como secretária são fraquíssimas, o homem fica impressionado com a velocidade com a qual Rose consegue digitar. Logo o espírito competidor de Louis se desperta: ele decide aceitar Rose como sua secretária, contanto que ela treine para participar da competição de datilógrafa mais rápida do país.

Comentário: A Datilógrafa não é nada mais do que uma admirável comédia romântica, com ritmo e cara de filme dos anos 50/60 e personagens carismáticos que ajudam a compor uma história bonitinha e fácil de acompanhar. Para resumir, o filme contradiz por completo aquela “lenda” de que filmes franceses são chatos e feitos para um público mais culto. 


Talvez seja esse o grande mérito do Festival Varilux de cinema francês, levar ao grande público a diversidade da indústria cinematográfica francesa e quebrar alguns paradigmas quanto ao ótimo cinema realizado pelos diretores do país. Trailer Aqui.

Crítica do Filme: Adeus, Minha Rainha (2012)*** (Bom Filme)

Direção: Benoit Jacquot
Gênero: Drama
Elenco: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Nomie Lvosky, Xavier Beauvois
Sinopse:
Julho de 1789, alvorecer da Revolução Francesa. A vida no Palácio de Versalhes continua imprudente e descontraída, distante do tumulto que reina em Paris. Quando a notícia da tomada da Bastilha chega à Corte, nobres e servos fogem desesperados, abandonando o Rei Luís XVI (Xavier Beauvois) e Maria Antonieta (Diane Kruger). Sidonie Laborde (Léa Seydoux), jovem leitora totalmente devotada à Rainha, não acredita no que ouve e permanece perto de sua adorada, confiante de que nada lhes acontecerá.

Comentário: Adeus, Minha Rainha é uma obra verdadeiramente apaixonante. Pelo menos em mim causou essa grata sensação. É imensamente louvável a forma como o diretor Benoit JAcquot conta a história (muito diferente de outras versões que abordam o mesmo assunto), e também apesar de todas as já conhecidas extravagâncias da corte, dessa vez os exageros de Maria Antonieta soam muito mais próximas de uma veracidade e também sentimentalmente mais reais (sua instabilidade já notória e demonstrada através de todo o cuidado que a cortê tem com sua fragilidade) – comparando com o Maria Antonieta de Sofia Coppola (que julgo muito interessante), é um contraste imenso.


Outro ponto louvável na obra é a qualidade de sua direção de arte, fotografia e figurinos, ambas premidas com o César da categoria (prêmio de cinema francês), além da contida e excepcional atuação de Léa Seydoux, como a devotada leitora da rainha Sidonie. Confesso que não conhecia muito bem o trabalho da atriz, mas me surpreendi tanto por sua beleza quanto pela qualidade de sua atuação. Interessante também a forma como Sidonie e a rainha (além de outros membros da corte) possuem um envolvimento quase que sexual. É também surpreendente a admiração que toda criadagem real tem pelos nobres e também como eles se sentiam superiores ao restante da população que não participava ativamente do contexto real. Algo cativante de se ver nas telas e também um pouco surpreendente.

Adeus, Minha Rainha é um filme de sensações. A forma pela qual a história é contata e a maneira como o filme aborda o interior do palácio de Versailles e o seu dia-a-dia através da ótica dos funcionários da corte é hipnotizante. Tensão, fofocas, relações, dramas. Tudo isso aflora ainda mais após as notícias aterrorizantes de um possivel ataque popular e a cada vez mais provável queda da realeza. Além disso, o filme exala um clima erótico que envolve o espectador e também os personagens que desfilam entre o luxo da corte e sujeira absurda dos  bastidores desse reino aparentemente só envolto em glamour.

 
Não tem como não se envolver com um fato histórico tão abordado e com a forma pela qual o filme é conduzido com maestria por Jacquot. Não posso negar que Adeus, Minha Rainha é uma obra louvável e que pelo menos em mim é envolto de admiração e sinceros elogios. Indico com toda veemência para qualquer público, esse é o grande chamariz do filme.Trailer Aqui.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Crítica do Filme: Ferrugem e Osso(2012)***1/2(Muito Bom)

Direção: Jacques Audiard
Gênero: Drama
Elenco: Marion Cotillard, Matthias Schoenaerts, Céline
Sinopse:
Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de orcas. Alain a leva em casa e deixa seu cartão com ela, caso precise de algum serviço. O que eles não esperavam era que, pouco tempo depois, Stéphanie sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre.

Comentário: Ferrugem e Osso é uma produção francesa que se revelou um dos mais importantes filmes de 2012 e conseguiu com todos os méritos colecionar prêmios por todo o mundo, inclusive duas merecidas indicações ao Globo de Ouro nas categorias de melhor filme estrangeiro e também melhor atriz.


Não existe uma palavra que melhor possa definir o filme do que a palavra “poderoso”. Ferrugem e Osso é uma obra cinematográfica crua, densa e que consegue dialogar com o espectador principalmente por um motivo (e que também é seu grande mérito), transmite verdade. Ao longo de algumas cenas chocantes e onde observamos sem nenhum pudor na tela: sangue, nudez, frieza, personagens desnudos e situações casuais. O filme se revela um verdadeiro “soco no estomago” e demonstra através de um ótimo desenvolvimento e uma direção coesa de Jacques Audiard, situações, sentimentos e questionamentos palpáveis e reais. Esses são ao lado da brilhante atuação de Marion Cottilard – tenho que deixar bem claro que todo o elenco está fantástico –, os grandes méritos de uma obra que choca, aflige, angustia e acima de tudo, comove o seu espectador. Trailer Aqui.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Crítica do Filme:Anna Karenina (2012)***(Bom Filme)

Direção: Joe Wright
Gênero: Drama/Romance
Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Kelly Mcdonald, Domhnall Gleeson.
Sinopse:
Século XIX. Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Karenin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles.

Comentário:
Anna Karenina é uma poderosa história de amor que acaba escondida atrás de um filme onde o contexto visual e a parte técnica sobressaem. Sem falar na direção igualmente belíssima do competente diretor inglês Joe Wright, também responsável pelos igualmente importantes: Desejo e Reparação(2007), Orgulho e Preconceito(2005) e Hanna(2011).

Como diz uma frase da celebre obra de Tolstoi “Há tantos romances como há corações”, isso sim é uma verdade universal e a base primordial do roteiro de Anna Karenina. Nem mesmo o forte conteúdo histórico, nem mesmo as boas atuações do elenco ou mesmo a já muitíssima elogiada qualidade técnica da obra conseguem ser tão importantes quanto o grande épico de amor que é abordado no romance entre Anna Karenina (interpretada com muita competência por Keira Knightley) e seu amado Vronsky (Aaron Taylor-Johnson) e também no amor “ainda que de forma sublime e escondida” que seu esposo Alexei (Jude Law em uma atuação minimalista) sente por Anna.

Anna Karenina tem em seu conteúdo uma história de amor onde basicamente poder e paixão são os grandes fios condutores de uma história verdadeiramente hipnotizadora. Na verdade o filme peca pela maneira ousada (em formato) e teatralizada pela qual o diretor optou em realizar a obra.
O grande destaque (e não poderia deixar de ser) é a forma pela qual Anna luta para manter seu tórrido romance com Vrosky. É uma visão incrivelmente avançada para época e também muito forte, sendo essa a grande ligação entre espectador e filme. Por seu amor, Anna enfrenta uma sociedade rígida e deixa de lado um marido poderoso e principalmente seu filho (algo impossível de se pensar quando analisamos as primeiras imagens desse forte relacionamento), mas Anna é capaz de tudo em nome de seu amor e é vista pela sociedade como uma “infratora”, que resumidamente vive quebrando as regras.

Anna Karenina é cinematograficamente um belo filme, com uma direção de arte impecável, além de atuações elogiosas e uma história de amor histórica e universal, que juntos resumem em uma obra que apesar de pouco tocante é extremamente magistral.Trailer Aqui.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Crítica do Filme: Infância Clandestina (2012)*** (Bom Filme)

Direção: Benjamín Avila
Gênero: Drama
Elenco: Téo Gutierrez Romero, César Troncoso, Natalia Oreiro, Ernesto Alterio.
Sinopse:
Argentina, 1979. Da mesma forma que seu pai (César Troncoso), sua mãe (Natalia Oreiro) e seu querido tio Beto (Ernesto Alterio), Juan (Teo Gutiérrez Romero) leva uma vida clandestina. Fora do berço familiar ele é conhecido por um outro nome, Ernesto, e precisa manter as aparências pelo bem da família, que luta contra a ditadura militar que governa o país. Tudo corre bem, até ele se apaixonar por Maria, uma colega de escola. Sonhando com vôos mais altos ao seu lado, ele passa por cima das rígidas regras familiares para poder ficar mais tempo com ela.

Comentário: Um dos mais importantes filmes de 2012, Infância Clandestina é uma produção Argentina (em parceria com Espanha e Brasil), que conquistou platéias pelo mundo e verdadeiramente é uma obra cativante.

O filme aborda a vida de Ernesto (em uma ótima atuação de Téo Gutierrez Romero), um jovem que vive ao lado de seus pais em uma vida clandestina enquanto esses combatem a ditadura militar na Argentina. Entre seus principais confidentes está seu tio Beto, um verdadeiro espelho e também peça chave dentro de uma família que segue rígidas regras para continuarem na clandestinidade e não correrem risco de serem descobertos pelo governo.

 O grande mérito do filme é trilhar seu caminho aos olhos do pequeno Juan (também chamado Ernesto). Seja em seus questionamentos, suas amizades, um pouco de sua rebeldia (nitidamente herdada dos pais) e também a sua primeira paixão. Além disso, o filme tem interessantes seqüências como se fossem paginas de quadrinhos. Mais um precioso método que diferencia e qualifica o trabalho de Ávila, como forma de representação da imaginação ou olhos de Juan perante o desconhecido.

Muito bem conduzido pela direção de Benjamin Ávila, a belíssima trama desenvolvida na obra nos remete imediatamente a outras obras igualmente singelas e bem realizadas – como o renomado filme brasileiro O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006) que foi dirigido por Cao Hamburger ou mesmo no chileno Machuca, com direção de Andrés Wood –, mas com todos os merecimentos o filme é coberto de qualidades e atuações elogiosas.

Com toques de grande nostalgia e um enredo que apesar de toda seriedade que o cerca é transposto para as telas de forma sincera e objetiva, Infância Clandestina é mais uma obra aos “olhos de uma criança” para com um mundo ainda a ser descoberto, e que brilhantemente cumpre o seu papel apesar de algumas abordagens (ou falta delas). Outro ponto a ser exaltado é a sua ótima trilha sonora que reune tanto composições populares quanto outras construidas exclusivamente para a produção.

Infância Clandestina é um ótimo exemplar de filmes sobre a infância e que conta com muito mais acertos do que erros, na verdade minúsculos equívocos, mas que em nada atrapalha um filme doce, bem desenvolvido, e incrivelmente sensível, e que ainda possui o mérito de ser  realmente atraente para qualquer apreciador de uma grande obra cinematográfica.Trailer Aqui.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Crítica do Filme: A Parte dos Anjos (2012)***(Bom Filme)

Crítica do Filme: A Parte dos Anjos (2012)***
Direção: Ken Loach
Gênero: Comédia Dramática
Elenco: Paul Brannigan, John Henshaw, Gary Maitland, William Ruane.
Sinopse: Robbie (Paul Brannigan) escapa, por pouco, de uma sentença de prisão. Ele acaba de ter um filho com a namorada Leonie (Siobhan Reilly) e promete que o futuro do primogênito será diferente de tudo que viveu. Durante o serviço comunitário, ele conhece pessoas que enfrentam a mesma dificuldade de encontrar emprego e descobre um dom em degustação de whisky, algo que pode mudar suas vidas para sempre.

Crítica: Dirigido pelo renomado cineasta britânico Ken Loach, também responsável pela obra prima Kes (1969), além dos competentes Ventos da Liberdade(2006), Meu Nome é Joe(1998) e Terra e Liberdade(1995), A Parte dos Anjos tem na realidade sua grande força em um roteiro interessante e muito bem trabalhado pelo diretor apesar de que, sua verdadeira história embutida em uma obra tipicamente inglesa e com seus sotaques carregados (e extremamente irritantes), só comece mesmo após 40 minutos da exibição de um filme que aparentemente não levava a lugar algum e caminhava para um verdadeiro “dramalhão” muitas vezes já visto nas telas do cinema.

Quando a verdadeira essência do filme fica aparente, a obra cresce acentuadamente em qualidade e paralelamente ocorre um maior envolvimento e interesse do espectador. Original, por vezes engraçado e muito bem dirigido, apesar de preservar a característica do diretor de não ter um formato de direção perceptível, A Parte dos anjos é tão sublime quanto à razão de seu titulo que se refere aos 2% do barril que acabam sendo evaporados ao longo dos anos. Na verdade, o filme é uma interessante e descontraída história em torno da degustação de Whisky , de um grupo de condenados a serviços comunitários e também de um engenhoso plano criminoso organizado por esses personagens tipicamente normais, envoltos em suas próprias redenções e muito bem trabalhados por um talentoso elenco.


 Apesar de algumas previsibilidades de seu roteiro, “A Parte dos Anjos” surpreende o espectador de maneira descontraída e principalmente pela força de seus engenhosos personagens, além de criar um clímax nos seus momentos finais que só contribuem para uma maior admiração da obra que é tipicamente uma comédia de erros sobre um assunto pouco retratado nos cinemas, os bastidores do comércio de luxo do Whisky, algo já muito bem explorado em relação ao vinho . Trailer Aqui.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Crítica do Filme : Killer Joe (2012) *1/2

Direção :  William Friedkin
Elenco:Matthew McCounaughey, Emile Hirsh, Juno Temple, Thomas Haden  Church, Gina Gershon.
Estava cheio de vontade de assistir essa nova obra tão comentada de William Friedkin e como tem acontecido com seus últimos trabalhos, apesar da crítica especializada levantar elogios (e boa parte críticas) não gostei nem um pouco de Killer Joe. Lembro que Friedkin é o mesmo diretor dos clássicos O Exorcista e o vencedor do Oscar de melhor filme Operação França. Como pode um diretor que filmou Operação França tão brilhantemente (acho a direção o grande mérito do filme), se aventurar em filme tão pequeno e consequentemente vazio como esse, se bem que os últimos trabalhos do diretor não são nem um pouco memoráveis, cito como exemplo o irregular Possuídos (2006), que causou a mesma repercussão e no final, acabou esquecido. O único e grande mérito de Killer Joe é a ótima atuação de Matthew McCounaughey, que já tinha gostado no bom “O poder e a Lei” de 2011  e que talvez tenha no papel de Joe o ponto alto de sua carreira, sendo ainda mais pela atuação do que pelo filme em si. Violento, simplório e por vezes amador, Killer Joe tenta conquistar seu público e admiradores com sangue e pornografia, porém distante de uma a genialidade perversa de um Quentin Tarantino, mais uma vez William Friedkin fica devendo um filme a altura de suas grandes obras.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Crítica do Filme: Sete Psicopatas e um Shih Tzu (2012) **1/2 (Filme Irregular)

Direção: Martin McDonagh
Gênero: Comédia Dramática/Policial
Elenco: Colin Farrell, Woody Harrelson, Christopher Walken, Sam Rockwell, Gabourney Sidibe.
Sinopse:
Marty (Colin Farrell) é um escritor pouco experiente que não encontra inspiração para seu novo texto, chamado "Sete Psicopatas". Seu melhor amigo é Billy (Sam Rockwell), um ator desempregado e ladrão de cachorros que está disposto a tudo para ajudá-lo. As idéias inusitadas de Billy colocam Marty na mira de um gângster temperamental, Charlie (Woody Harrelson), que não pensaria duas vezes antes de matar qualquer pessoa que pusesse as mãos em seu cachorro.

Crítica: Segundo filme dirigido pelo diretor britânico Martin McDonagh, Sete Psicopatas e um Shih Tzu segue a linha dos bons filmes ingleses envolvendo gângsteres e semelhantes aos trabalhos do diretor Guy Ritchie (Jogos, trapaças e Dois canos Fumegantes e Snatch), além de uma clara semelhança ao trabalho anterior de McDonagh, o elogiado Na Mira do Chefe(2008), também protagonizado por Colin Farrell.

Apesar de um roteiro interessante, assim como o renomado elenco, o filme até que começa bem e possui uma interessante premissa, mas ao tentar envolver o espectador em uma “teia de situações”, acaba se atrapalhando e perdendo o foco, deixando assim de ser uma obra diferenciada para se tornar um filme convencional e muito irregular.

Engraçado e por vezes excessivamente violento, o grande destaque do filme é seu elenco encabeçado pelo quarteto Colin Farrell, Woody Harrelson, o veterano Christopher Walken e também Sam Rockwell. Uma curiosidade que pode passar batida por um espectador mais distraído é a participação pequena da atriz Gabourney Sidibi, já indicada ao Oscar pela marcante atuação no filme Preciosa (2009).

Sete Psicopatas e um Shih Tzu não é um filme voltado para todos os públicos, longe disso, é uma obra quase que exclusivamente masculina e que para quem admira os trabalhos no mesmo estilo e repletos de humor inglês pode se surpreender e encontrar um filme diferenciado e pelo menos tecnicamente, acima da média. Trailer Aqui.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Crítica do Filme: A Negociação (2012)***

Direção: Nicholas Jarecki
Gênero: Drama/Suspense
Elenco: Richard Gere, Susan Saradon, Tim Roth, Laetitia Costa.
Sinopse:
Às vésperas de vender sua empresa milionária, Robert Miller (Richard Gere), um magnata da bolsa de valores, envolve-se em um acidente automobilístico causando a morte de uma pessoa. Para preservar sua imagem, ele esconde sua responsabilidade no caso. Mas um investigador (Tim Roth) está disposto a descobrir o verdadeiro culpado, sabotando todos os planos de Robert.

Minha Crítica: A Negociação é na verdade um grande jogo de “gato e rato”, sendo essa sua premissa embutida em um bom drama com ares de suspense onde a vida e carreira de um magnata empresarial, Robert Miller (Richard Gere), entra em uma grande turbulência após se envolver em um acidente fatal durante um delicado momento pessoal e profissional, a venda de sua milionária e “falida” empresa.

Lembro que Richard Gere foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator por sua atuação como o “esperto” milionário Robert Miller. Claro que é uma grande atuação de Gere, mas assim como outros ótimos papeis em sua carreira (Justiça Vermelha, Sempre ao seu Lado e Infidelidade), o ator não foge do obvio e mesmo tendo uma atuação convincente e elogiosa, essa indicação não é pra tanto.


A Negociação conta ainda com as performances de Susan Saradon ( no papel de uma interessante esposa) e o ótimo Tim Roth, que novamente rouba a cena como um investigador de policia que faz de tudo para comprovar a culpa do empresário Robert Miller em seu indecifravel acidente fatal.

Com ótimo desenvolvimento e principalmente excelentes diálogos, o filme consegue conquistar e manter o espectador interessado enquanto vamos vendo o personagem de Richard Gere se complicar cada vez mais em suas próprias mentiras (acidente e venda da empresa) e armações para se livrar delas e também conseguir vender uma empresa que aparentemente é um sucesso, mas esconde um rombo milionário (sobre o seu claro consentimento).

Na verdade, Gere acaba refém não só do policial interpretado por Tim Roth como também das três mulheres que o rodeiam em sua vida: sua esposa (que finge não enxergar suas aparentes traições mas se posta agressivamente quando vê seu império monetário ameaçado), sua filha ( que tenta manter as rédeas da empresa com total idoneidade) e também sua amante ( pois com sua morte complica todo o processo de venda da empresa e o coloca em um redemoinho de mentiras). Outra cena que considero importante e pra mim é a mais memorável do filme é o embate entre Robert Miller (Gere) e o possível comprador de sua empresa. Repleta de frases ríspidas e uma condução primorosa de Nicholas Jarecki, a cena acaba se tornando uma cena primordial e que consegue resumir todo o filme, seja pelas mentiras ditas ou mesmo o aparente “desespero” dos envolvidos nessa grande negociação.
Trailer Aqui.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Crítica do Filme: Amor (2012) ***

 Pré-Estréia hoje hoje no CINE JARDINS 21hs.
Direção: Michael Haneke
Gênero: Drama
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert.

Minha Crítica
Vencedor do Palma de Ouro em Cannes como melhor filme, vencedor do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, indicado a cinco prêmios do Oscar (inclusive o de melhor filme) e apontado por grande parte da critica mundial como uma das melhores obras de 2012. Amor que é dirigido pelo cultuado Michael Haneke, tem um currículo vigoroso, mas que se analisarmos friamente o filme vamos verificar que não passa de  uma obra correta e onde as interpretações sobressaem sobre o resultado final.

O diretor Michael Hanake, que já venceu o Oscar de filme estrangeiro com o “difícil” e cultuado A Fita Branca(2009), e também dirigiu os polêmicos Jogos Perigosos(1997) e A professora de Piano (2000), todos repletos de qualidades e com grandes admiradores, desta vez resolveu “fugir” da polêmica e realizou uma obra crua, direta e que aborda dois sentimentos e sentidos humanos universais , o amor e também a morte.

“Amour” aborda com delicadeza a relação de um casal octogenário, altamente intelectualizado e que vivem sozinhos e envoltos de um grande sentimento de cumplicidade. Músicos, ávidos leitores e extremamente educados, Anne e Georges dividem tudo e se tratam de maneira amável e deixa nítido para o espectador toda a sincronia em torno do casal. Até que um derrame acomete Anne e a partir daí o filme toma outros rumos e segue o objetivo imaginado por Haneke, o amor e suas nuances frente à degradação de uma senhora inteligente e altiva e também o declinio da relação do casal.

Realizando uma obra sem sentimentalismos e extremamente crua, o diretor extravasa todas as dificuldades da doença de Anne e principalmente da forma em que Georges mesmo visualmente debilitado, tenta manter a dignidade de sua esposa a qualquer custo e ainda com grandes doses de carinho e amor ( até mesmo quando extrapola em seus atos pelo bem de sua esposa).Vale ressaltar que o grande mérito do filme e sem dúvida alguma as atuações de Jean-Louis Trintignant como Georges e especialmente Emmanuelle Riva, que está verdadeiramente sensacional como Anne e consegue construir sua personagem com realística maestria e sem exageros, tanto que ambos foram muitíssimos premiados por suas atuações em “Amour” e Riva ainda foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Um luxo para uma magnífica atriz de 85 anos de idade.

Desenvolvido de forma terna e sem oscilações, se passando inteiramente dentro do apartamento do casal e sempre utilizando uma câmera fixa em suas filmagens (tentando assim transparecer toda solidez da história), “Amour” é um filme que tem como tema além do amor a ancianidade, mas que sua abordagem do assunto também apesar de elogiosa, se compara tanto em atuações quanto em resultado final, com outros grandes filmes da história do cinema: Num Lago Dourado, Longe Dela, Conduzindo Miss Dayse, Regresso para Bountiful, Morangos Silvestres, As Baleias de Agosto e também Cocoon.

“Amour” não é uma obra apaixonante, longe disso, é um filme duro e de abordagem crua, porem muito bem construído e conta com atuações verdadeiramente excepcionais. E só não o admiro ainda mais em razão da desnecessário dualidade de seu final.
Trailer Aqui.

Crítica do Filme: O Resgate (2012) *


Direção: Simon West   
Gênero: Ação
Elenco: Nicolas Cage, Malia Akerman, Josh Lucas, Sami Gayle, Danny Huston.
Sinopse:
Will Montgomery (Nicolas Cage) é um dos melhores ladrões dos Estados Unidos, mas alguma coisa deu errado em um roubo de US$ 10 milhões e ele acaba indo para a cadeia. Livre após cumprir oito anos de prisão, ele resolve reencontrar a filha (Sami Gayle), agora já adolescente, para recuperar o tempo perdido. Só que Vince (Josh Lucas), parceiro dele no último golpe, resolve se vingar e sequestra a jovem, dando um prazo curtíssimo para que o resgate seja pago. Constantemente vigiado pelo FBI, Will entra em desespero e percebe que será necessário voltar ao mundo do crime.

Minha Crítica: Nicolas Cage, que já venceu o Oscar de melhor ator pelo filme Despedida em Las Vegas em 1995, hoje vê sua carreira naufragar principalmente por apostar seu nome em produções de baixo orçamento ou obras de gosto duvidoso, tanto que nos últimos anos tem colecionado grandes fracassos nos cinemas: Motoqueiro Fantasma 2, Fúria Sobre Rodas, O Pacto, Reféns, Aprendiz de Feiticeiro e tantos outros filmes que caíram no esquecimento.

E o filme “O Resgate” não foge da premissa, nem Nicolas Cage, nem o diretor Simon West, que tem no currículo alguns interessantes filmes (Con Air, A Filha do General), conseguem fazer com que a obra fuja do lugar comum e da sua aborrecida e excessiva quantidade de clichês: vilão com cara de vilão, mocinho com cara de mocinho, e um roteiro banal e incrivelmente mal elaborado. Na verdade, nada dá certo em O Resgate, tudo que vemos nas telas é um emaranhado de “lugares comuns” e trechos de diversos filminhos que já tivemos a oportunidade de assistir. Trailer Aqui.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Crítica do Filme: Django Livre (2012)*****

Direção: Quentin Tarantino
Gênero: Faroeste
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Kerry Washington, Jonah Hill.
Sinopse: Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva-o ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz está em busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz compra Django com a promessa de libertá-lo quando tiver capturado os irmãos Brittle, vivos ou mortos. E com isso os dois partem em uma aventura repleta de violência para tentar resgatar Broomhilda( Kerry Washington), esposa de Django que foi comprada por Calvin Candie (DiCaprio), um poderoso fazendeiro escravagista.

Minha Crítica
Como é bom assistir a um filme verdadeiramente construído por um diretor tão autoral como é Quentin Tarantino. Após criar grandes obras na história do cinema recente: o genial Pulp Fiction, a sanguinolenta homenagem aos filmes orientais Kill Bill, o premiado Bastardos Inglórios e também roteirizar os memoráveis Amor à Queima Roupa e Um Drink no Inferno, Tarantino novamente volta a sua melhor forma e surpreende com Django Livre, para mim seu melhor trabalho desde a criação de sua obra prima Pulp Fiction em 1994.



Para começar, não consigo enxergar toda essa violência diagnosticada em Django Livre, na realidade enxergo que toda essa violência explicita ou não em Django é obrigatoriamente justificada, ao contrário de outros filmes do diretor, cito como exemplo Kill Bill, que tenta brincar com a violência para entreter seus espectadores. Ainda tenho outra visão sobre a violência em Django, percebo uma maturidade do realizador Tarantino até mesmo em trazer beleza e exuberantes fotografias durante as “poucas explicitas cenas de sangue”, sempre em contrapartida fazendo questão de filmar a beleza da cena pós-morte, seja em um cavalo branco ou em rosas, tudo filmado de maneira muito limpa e nada abstrata.

Django Livre me surpreendeu do primeiro minuto até o minuto final, para mim, o filme além de ser um espetáculo visual também possui um roteiro memorável e brilhante, merecendo tanto o Globo de Ouro que venceu na categoria, como também sua indicação ao Oscar (e que vou fazer questão de torcer por sua vitória). A construção dos personagens em Django é genial, os diálogos e frases são geniais, tudo em Django tem uma razão e uma conclusão, esse é o grande mérito da obra. 


Não existe personagens, ações, ou mesmo violência que não tenha uma boa razão ou que proporcione uma cena envolvente e inesquecível, talvez essa seja a característica que abrilhante ainda mais o filme e o torne uma obra diferenciada, são várias as cenas que não consigo tirar da cabeça mesmo uma semana após ver o filme: a ótima cena de apresentação do personagem de Christoph Waltz ( o caçador de recompensas Dr. Schultz); a chegada de Django a fazenda de Calvin(DiCaprio) e a maneira contestadora e aterrorizada na qual o personagem de Samuel L.Jackson fica ao perceber que “um negro” vai ficar na casa do seu patrão; a brilhante cena da tocaia e toda discursão involuntária sobre o corte das mascaras e a maneira simples e corriqueira na qual Tarantino brinca com a situação e demonstra todo seu bom humor e talento; sem citar as incontáveis frases de efeito e toda grandiosidade dos seus minutos finais. 


É tão difícil falar de um filme tão magnifico com Django que se pudesse resumir diria, veja o filme agora, pois é uma obra prima do começo ao fim. Mas tenho também que chamar atenção para as excepcionais atuações de todo o elenco: Jamie Foxx está muito convincente como Django; Samuel L.Jackson rouba a cena como o mordomo Stephen (que eu acho uma das melhores coisas do filme e daria facilmente uma indicação como Ator Coadjuvante), Leonardo Dicaprio apresenta mais uma grande atuação (apesar de não ser um daqueles que contesta sua não indicação ao Oscar); e o melhor, Christopher Waltz tem uma atuação soberba, marcante e que supera e muito a sua também premiada atuação em Bastardos Inglórios. Waltz apresenta e representa toda a frieza e sutileza do personagem que considero uma das mais deslumbrantes e interessantes atuações que vi nos últimos anos. Merecidamente premiada com o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante e que tem todo meu apoio também na corrida pelo Oscar. Na verdade, todas as melhores cenas e diálogos presentes em Django possuem a presença e a marcante atuação de Christoph Waltz e seu Dr. Schultz.

Django é um filme fantástico. A Direção de Quentin Tarantino é fantástica, seu roteiro, seus personagens, as atuações, a excelente trilha sonora, a construção das cenas, resumindo, Django Livre é até aqui o melhor filme que vi no último ano e meu favorito na corrida pelo Oscar.

Crítica do Filme: Resident Evil 5 – Retribuição (2012) BOMBA

Crítica do Filme: Resident Evil 5 – Retribuição (2012) BOMBA
Direção: Paul W.S.Anderson
Gênero: Ação
Elenco: Milla Jovovich, Sienna Guillory, Shawn Roberts, Michelle Rodrigues.
Sinopse: Em 'Resident Evil 5: Retribuição', o vírus mortal T, desenvolvido pela Umbrella Corporation, continua dizimando o planeta Terra, e transformando a população global em legiões de mortos-vivos comedores de carne. A única e última esperança da raça humana, Alice (Milla Jovovich), desperta no centro de operações clandestinas da Umbrella, e descobre mais segredos do seu passado misterioso conforme se aprofunda no complexo. Sem um porto seguro, Alice continua a caçar os responsáveis pelo vírus; uma perseguição que a leva de Tóquio a Nova York, Washington, DC e Moscou, culminando em uma revelação alucinante que irá forçá-la a repensar tudo o que ela acreditava ser verdade.

Comentário: Eu não deveria estar perdendo meu tempo analisando um filme tão ruim, tão mal elaborado e de resultado final tão pífio como é Resident Evil 5. Na realidade, são raros os casos de boas adaptações cinematográficas que mantém a qualidade após uma trilogia, ou melhor, são raríssimas, puxando na memória me recordo apenas da saga Harry Potter e Guerra nas Estrelas, outros como os filmes Rocky, Velozes e Furiosos, Rambo, e até mesmo os filmes da franquia Pânico acabaram não mantendo o nível das primeiras obras e tentando apenas comercialmente fazer sucesso (e passando muito longe da parte técnica e artística).

Com roteiro confuso e uma condução fraca e baseada em efeitos especiais do diretor Paul W.S. Anderson, o filme não consegue se manter como obra cinematográfica e a todo momento aparenta ser uma fraca versão para os cinemas de um game. Desde as imagens totalmente artificiais até a correria em tentar contar uma história, tudo em Resident Evil 5 soa como falso, confuso, feito as pressas e acabamento superficial.Não recomendo nem aos maiores fãs do game ou dos dois primeiros filmes da franquias, que pelo menos em mim causaram boa impressão. Trailer Aqui.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Crítica do Filme: Até que a Sorte nos Separe (2012)*1/2

Direção: Roberto Santucci
Gênero: Comédia
Elenco: Leandro Hassum,Daniele Winitz, Kiko Mascarenhas, Ailton Graça.
Sinopse: Tino (Leandro Hassum) é um pai de família comum que vê sua vida virar de ponta a cabeça após ganhar na loteria. Levando uma vida de ostentação ao lado da mulher, Jane (Danielle Winits), ele gasta todo o dinheiro em 15 anos. Ao se ver quebrado, Tino aceita a ajuda do vizinho Amauri (Kiko Mascarenhas), um consultor de finanças super burocrático e que por sinal vive seu próprio drama ao enfrentar uma crise no casamento com Laura (Rita Elmôr). Tentando evitar que Jane descubra a nova situação financeira, afinal ela está grávida do terceiro filho não pode passar por fortes emoções, Tino se envolve em várias confusões para fingir que tudo continua bem. Para isso, conta com ajuda do melhor amigo, Adelson (Aílton Graça), e dos filhos.

Minha Crítica: Na realidade não sei por que ainda perco tempo assistindo a um filme brasileiro que já aparenta na “cara” que é um filme fraco e sem atrativos. Se não fosse minha esposa e sua intenção de assistir mais essa produção brasileira da Globo filmes, dificilmente me aproximaria dessa obra.

A falta de qualidade nas comédias produzidas pela produtora são as mesmas que observamos nos programas de humor de sua programação diária: atores e personagens em atitudes “forçadas”, uma enxurrada de piadas sem graça, gags visuais como tentativa de “grande atrativo” e também a notória forma de que o filme é produzido, sempre priorizando a linguagem televisiva, seja no roteiro ou mesmo na fotografia. O mais incrível é que algumas dessas obras acabam sendo sucesso de público, o que não está relacionado em nada com a baixa qualidade das produções e seus roteiros enfadonhos.

Teoricamente baseado no grande sucesso literário “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, “Até que Sorte nos Separe” em pouco lembra a seriedade e a metódica do livro de Gustavo Cerbasi. Na verdade, o cinema brasileiro fracassou em 2012 graças ao grandioso numero de produções de baixa qualidade artística (ou a mínima técnica), e que estão visivelmente preocupadas em agradar a um público “menos exigente” e com isso, acabam afastando das salas de cinema um público mais seleto e que consegue perceber a falta de cuidados com os recentes projetos da produtora. Para se ter uma ideia, vou citar algumas obras produzidas pela Globo filmes nos últimos anos e que pecam pelo mau gosto e tentam se utilizar do bom elenco da emissora para tentar vender suas obras também no cinema: Totalmente Inocentes, O Diário de Tati, Billi Pig, As Aventuras de Agamenon, Familia Vende tudo, O Bem Amado, Romance, A cada da mãe Joana, entre outros.

Nem vou dizer que “Até que a Sorte nos Separe” é um filme decepcionante pois não tenho como dizer isso uma vez que pouco esperava dele, mas consequentemente, é totalmente palpável logo de inicio a falta de qualidades na obra. Entre os fatores que “contribuem” para o insucesso do filmes estão: um elenco muito caricato (começando pela dupla Hassum e Daniele Winitz e terminando na péssima atuação de Kiko Mascarenhas e seu núcleo); o enorme número de piadas estereotipadas e de gosto duvidoso; além de um  roteiro que se perde dentro de suas próprias conclusões, pois cito como exemplo mais claro desses equívocos a personagem de Daniele Winits, que sempre faz questão de dizer que não ligar para dinheiro mas vive gastando fortunas sem culpa e consumindo o mercado de luxo. 

Sendo assim, se não quiser ter uma sessão de cinema que aborrece muito mais do que agrada, passe longe de Até que a Sorte nos Separe!