Crítica: Labirinto de Mentiras (2015) ***

Direção: Giulio Ricciarelli

Elenco: Alexander Fehling, André Szymanski, Gert Voss

Sinopse: Em 1958, na Alemanha, um jovem procurador investiga casos relacionados aos crimes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e descobre diversos fatos capazes de incriminar altos funcionários do governo. Mesmo sofrendo grande pressão para abandonar a investigação, ele está determinado a revelar todas as atrocidades cometidas por seus compatriotas.

Meu Comentário: Apesar de ser baseado em um contexto real, é bom dizer que Labirinto de Mentiras é uma junção de ficção e realidade. Boa parte dos personagens e ações foram criações cinematográficas, sendo assim, não acredite em tudo que o filme apresenta.

Produção alemã, inclusive o filme é o indicado pelo país para o representar na corrida do Oscar. Labirinto de Mentiras possui uma história poderosa, e que analisa os anos pós-guerra, assim como as atrocidades cometidas pelos nazistas em relação ao maior simbolo do holocausto, o campo de concentração de Auschwitz.

No filme, apesar de todo governo e a própria sociedade alemã tentar escondem ou esquecer o passado, acompanhamos a jornada de um jovem promotor idealista, e de um jornalista, que tentam –apesar de grande parte das instituições públicas serem contra, ou realmente, fazerem questão de atrapalhar as investigações –, colher provas, achar testemunhas e prender os responsáveis pelos chocantes crimes narrados ao longo da obra. E ao longo do filme, você descobre que apenas 13 anos depois, grande parte da população alemã desconhece as barbáries cometidas durante a guerra. Inclusive em relação aos campos de concentração.

O mais impressionante são os depoimentos que temos acesso ao longo do filme, realmente chocantes. E outra. Ainda é mais impressionante a forma na qual a sociedade alemã acobertou o passado cruel de grande parte de sua população, e que após o fim da guerra, voltou a normalidade. Era como se as atrocidades cometidas pelos alemães fizessem parte do contexto da guerra (fato que alegam), mas é claro, são crimes tão desumanos, que a justificativa fere toda a nossa noção de humanidade. Também é intrigante a abordagem em relação a um dos mais notórios criminosos de guerra, o médico alemão Josef Mengele, também conhecido como “anjo da morte”, e que acabou se refugindo no Brasil e só sendo descoberto após a sua morte.

Labiritinto de Mentiras é um filme de grande impacto, e que conseguiu ter minha atenção durante toda sua exibição, muito mais em razão de seu contexto histórico, do que de sua burocrática condução. O elenco possui boas atuações, e onde destaco a atuação de Gert Voss, no papel de um promotor chefe (e judeu), que é o único a incentivar as investigações de Johann Radmann (Alexander Fehling). Vale mais como recorte histórico, do que uma obra cinematográfica. Não é espetacular, mas te garanto que é um competente drama investigativo.