Críticas de Filmes

Críticas de Filmes

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Crítica do Filme: Noé(2014) ***

Direção: Darren Aronofsky
Elenco:
Russell Crowe, Jennifer Connely, Anthony Hopkins, Emma Watson, Ray Winstone, Douglas Booth

O filme Noé era sem duvida alguma uma das produções mais aguardadas para o ano de 2014, inclusive por mim. Principalmente por três motivos: ser dirigida pelo cultuado Darren Aronofsky (o mesmo de Cisne Negro(2011), O Vencedor(2010) e Réquiem para um Sonho(2000)); possuir um grande elenco e entre eles o astro Russell Crowe; além de ser baseado em uma das mais interessantes e complexas histórias bíblicas, a construção da Arca de Noé.

Agora repensando a carreira de Aronofsky, percebo que não tenho uma grande paixão por nenhuma de suas obras. Todos são bons filmes na melhor concepção da palavra, entretanto não são obras “perfeitas” ou apaixonantes, pelo menos para mim, e após assistir ao grandioso Noé ainda considero Cisne Negro o seu melhor filme.

Talvez o grande problema do filme seja o seu desenvolvimento e a maneira pela qual o diretor/roteirista conduz o filme. Quem conhece as obras e as características de Aronofsky, esperava muito mais. Eu sinceramente entrei na sala de cinema aguardando uma obra contestadora, crítica, contemplativa e ao mesmo tempo profundamente reflexiva, algo que o seu filme Fonte da Vida(2006) é. E infelizmente me deparei com uma superprodução (no pior sentido da palavra), por vezes muito superficial, pouco autoral, e em alguns momentos incrivelmente banal. Principalmente em relação ao seu roteiro e seu desenvolvimento. Como pode dentro de uma situação tão grandiosa e tão mística (a construção da Arca e o grande dilúvio), o roteiro e o filme se atrelarem a inoportunas cenas de ação ou mesmo um desfecho tão caricato quanto ao envolvendo o personagem de Ray Winstone(Tubai-Cain). Quando o grande vilão do filme consegue embarcar na arca, para mim era claro que era um forma de continuidade do mal após o grande dilúvio, entretanto o filme escolhe o caminho mais “simplório”, um enfrentamento sem razão entre o citado personagem (totalmente descartável dentro de uma já complexa situação), e o Noé protagonizado com excelência por Russell Crowe.

Outra falha grave em relação ao filme é a sua “inoportuna” e mal utilizada liberdade criativa, usada de maneira muito exagerada durante o longa. A ideia na qual os “Guardiões” eram seres em formato de pedra, parecendo personagens do filme Transformers, pelo menos em mim, não colou. Em resumo é isso, tanto artisticamente quanto tecnicamente, tenho serias ressalvas em relação ao filme, que pra mim é o menos autoral dos trabalhos de Aronofsky.

Noé é uma obra irregular apesar da grandiosidade que a cerca. Prende a atenção, possui algumas boas atuações e algumas cenas realmente espetaculares (principalmente a sequência na qual o personagem de Russell Crowe narra à história da criação do mundo, essa sim uma sequência magnífica). Entretanto, o filme poderia e deveria ser muito mais consistente e também reflexivo. Pecando na tentativa de ser pop ao invés de humano e questionador.

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