Críticas de Filmes

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Crítica do Filme da Semana: Para Roma Com Amor (2012) ***



Woody Allen para quem não sabe é um dos meus três diretores prediletos do cinema, simples assim, sou um verdadeiro apaixonado por seus roteiros, personagens complexos que refletem sua personalidade  e me divirto por completo com suas obras, tanto as comédias(que prefiro) ou quando se aventura nos dramas. Em minha cinemateca fiz questão de possuir todos os seus filmes, não  cansando de os rever, e cada vez que descubro uma produção nova, já crio expectativas e aguardo ansiosamente, assim como aguardei a chegada de Para Roma Com Amor(2012), ainda mais que seria sua obra após o grande sucesso de público e crítica que foi Meia Noite em Paris(2011) que lhe deu uma indicação ao Oscar de melhor filme e diretor, coisa que não acontecia desde Tiros na Broadway(1994).

Pois bem, como eu não sou particularmente um grande fã de Meia Noite em Paris(o acho apenas um bom filme) pelo fato de carregar pouco da essência das obras de Woody e que acaba sendo uma obra que usa o artifício do surrealismo(para muitos era a grande novidade), mas que já foi usado no também elogiado A Rosa Púrpura do Cairo(1985), aguardava de sua nova produção que o diretor novamente optasse por um filme mais sério(como foram seus últimos), mas para minha surpresa fez  um filme extremamente simples e confesso que gostei e me diverti muito . Primeiro que temos em cena Woody Allen(sempre ótimo), depois que um filme leve, satírico, também tendo elementos  surreais e sendo por vezes hilário, lembrando muito as suas comédias menos pretensiosas e que adoro: Trapaceiros(2000), O Dorminhoco(1973) e A Era do Rádio(1987). Para entender o filme devemos saber que ele se divide em quatro segmentos: Um casal(Woody Allen e Judy Davis) viajam para Roma com a missão de conhecer o noivo italiano de sua filha; Leopoldo(Roberto Begnine), um cidadão romano comum é de uma hora para outra tratado como celebridade; um veterano arquiteto(Alec Baldwin) americano visita Roma e acaba envolvido em suas lembranças da época na qual morou na cidade eterna; dois jovens recém casados acabam se envolvendo nos grandes prazeres de Roma ao se perderem em suas ruas.


A partir desses quatro segmentos que acabam se desenrolando de maneiras muito convincentes, o filme se desenvolve e opta em alternar suas histórias, mesmo elas tendo temporalidades, ritmos e por que não, qualidades diferentes. Achei louvável o grande número de atores italianos usados na produção e também posso ter me identificado muito com o filme por ele contar em vários momentos com cenas inteiras faladas em italiano assim como seus personagens inspirados no verdadeiro povo romano, e para quem como eu adora o cinema italiano de Fellini, Ettore Scola e principalmente Mario Monicelli, vai adorar observar nas telas todas sutilizes do jeito italiano de ser perfeitamente refletidos na bela prostituta( Penélope Cruz), na família italiana do genro do personagem de Woody e no recém-casados e suas trapalhadas(Alessandro Tiberi e Alessandra Mastronardi). 

Em Para Roma com Amor duas histórias considero de altíssimo nível, uma encantadora na qual temos Woody Allen interpretando um “especialista” em musica clássica e que identifica no futuro sogro de sua filha um grande tenor, mas ele tem um pequeno problema, só consegue cantar bem embaixo do chuveiro, e para isso, o personagem de Allen organiza uma ópera onde em todo momento ele se apresenta se banhando. Agora a minha seqüência predileta é sem duvida alguma onde John(Alec Baldwin), caminhando e recordando pelas estreitas vielas de Roma(onde morou), encontra-se com sua versão mais jovem e revive uma história de paixão meio a muitas situações inusitadas, onde Ellen Page e Jesse Eisenberg conseguem transparecer grande química em suas atuações.

Um dos pontos negativos é quem em vários momentos se percebe que o filme é na verdade uma grande propaganda turística de Roma, assim como as outras obras dessa fase européia de Woody( Meia Noite em Paris, Match Point e Vicky Cristina Barcelona), mas mesmo assim, Para Roma com Amor ainda é um filme acima da média por vários motivos: ser de Woody Allen(já é um mérito), ter piadas inteligentes, ótimos diálogos e verdadeiramente entreter com qualidade.

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