Críticas de Filmes

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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Crítica: Aquarius é imperdível e poderoso ****

A obra é dirigida por Kleber Mendonça Filho e faz uma analise crítica do Brasil através da personagem Clara, em uma atuação extraordinária de Sônia Braga

Aquarius, novo filme dirigido por Kleber Mendonça Filho – também responsável pelo premiado “O Som ao Redor” –, é um filme sobre lembranças e luta de classes. A obra disputou o último Festival de Cannes, onde colecionou elogios da crítica mundial, mas saiu sem nenhuma premiação.

O maior destaque do filme fica por conta da estupenda atuação de Sônia Braga, após uma longa ausência de produções de destaque. A atriz ficou conhecida mundialmente ao protagonizar os filmes “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), “Gabriela, Cravo e Canela” (1983) e “O Beijo da Mulher Aranha”(1985). 

Na obra, Sônia Braga é Clara, uma jornalista aposentada, viúva e mãe de três filhos. Ela vive em um apartamento em Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos, sobreviveu a um câncer e morou praticamente toda a sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, uma construtora adquire quase todos os apartamento, menos o de Clara, que se recusa a vendê-lo. A partir desta premissa, Clara é pressionada de todas as formas para mudar de ideia. Tanto pela construtora, quanto por sua própria família. 

O público é apresentado a Clara ainda nos anos 1980, através de flashback. Com isso, descobre uma mulher decidida, reflexiva e liberal. A obra possui momentos de puro erotismo, e transforma o espectador em um verdadeiro voyeur, no mais carnal sentido da palavra.   Assim como a personagem, que não tem vergonha de demonstrar sua sexualidade aos 65 anos, contrastando com a imagem de símbolo sexual deixada pela atriz nos anos 80.

Aquarius é uma obra delicada e que exalta a memória dos seus personagens. Seja através de lembranças, de fotografias ou de sua excepcional trilha sonora, onde estão presentes composições de Taiguara (Hoje), Altemar Dutra, Roberto Carlos (O Quintal do Vizinho), Maria Bethania (Jeito Estúpido de Amar) e Ave Sangria (Dois Navegantes).

O filme consegue hipnotizar o seu espectador com ótimos diálogos, um roteiro muito bem desenvolvido e atuações fantásticas. Além disso, surpreende na condução da história, tanto nos momentos de confronto entre Clara e imobiliária, quanto no clima de suspense sempre presente.

Particularmente não acho Aquarius uma obra prima irretocável, como alguns consideram. Mas acho muito válida a sua condição de favorito a representar o Brasil no Oscar. Aquarius é provavelmente o melhor filme nacional do ano, possui a melhor atuação de uma atriz brasileira e uma história poderosa. Resumindo, é um daqueles filmes que não sai da cabeça de seu espectador, mesmo horas após assisti-lo. 

Cotação: **** (Muito Bom)

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