Críticas de Filmes

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domingo, 8 de maio de 2016

Crítica: Ave, Cesár! (2016) ***

Direção: Ethan e Joel Coen
Elenco: Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes, Scarlett Johansson, Channing Tatum, Frances Mcdormand, Tilda Swinton.

Sinopse: Hollywood, anos 1950. Edward Mannix (Josh Brolin) é o responsável por proteger as estrelas do estúdio Capitol Pictures de escândalos e polêmicas e vive um dia intenso quando Baird Whitlock (George Clooney), astro da superprodução Ave, Caesar!, é sequestrado no meio das filmagens por uma organização chamada "Futuro".

Meu Comentário: Ave, Cesár! é, antes de mais nada, uma homenagem dos consagrados irmãos Coen ao cinema, principalmente aos filmes das décadas de 1940 e 1950, quando os grandes estúdios de Hollywood possuiam acordos de exclusividade com atores, diretores, roteiristas e produziam obras de forma industrial, mais preocupados com a quantidade (e o retorno das bilheterias), do que propriamente com a qualidade.

Mas, em momento algum o filme apresenta uma crítica voraz ao cinema, algo que se pode esperar dos diretores, ao contrário, ele expõe uma certa reverência ao período, claro, recoberta em um tom satírico. Mas é muito interessante a forma como foi filmado conforme o estilo da época, praticamente todo feito em estúdio e utilizando as mesmas técnicas (paisagens sendo retratadas atráves de pintura, efeitos especiais singelos, atuações exageradas).


Apesar de ser um dos filmes mais irregulares da carreira dos Coen, “Ave, Cesár!” ainda assim, exibe momentos de pura poesia cinematográfica.  A discurssão a respeito do conteúdo religioso da nova produção do Capitol Pictures é um ótimo exemplo. Alias, o filme volta e meia lembra o estilo narrativo de Woody Allen, e não posso deixar de o relacionar ao ótimo A Era do Rádio (1987), um dos meus filmes prediletos do diretor.

Como já disse, as atuações exageradas fazem parte da essência da obra e George Clooney, Alden Ehrenreich e Channing Tatum estão perfeitos em seus papeis. E também merece todo o destaque a atuação de Josh Brolin como protagonista, o único personagem “centrado” de todo o filme. Além disso, o filme apresenta importantes e interessantes participações especiais: Scarlett Johansson no papel de uma estrela de cinema que apesar de ser vista como ingênua pelo público está muito longe disso; Ralph Fiennes como um diretor de cinema tipicamente inglês e respeitado;  Tilda Swinton como uma colunista de fofocas e Frances Mcdormand no papel de um dos mais importantes personagens na produção de um filme, o editor, que durante décadas em Hollywood era quase que exclusivamente uma profissão exercida por mulheres.


Ave, César! é um daqueles filmes que os apaixonados por cinema, como eu, facilmente vão entender e interpretar as intenções dos diretores. Mas sinceramente, apesar de todo o glamour agregado ao filme, entendo as possíveis rejeições de grande parte do público. O roteiro é confuso, os personagens em grande parte superficiais, mas a ironia presente nos roteiros dos Coen, e a forma com que realizam o filme, compensa grande parte dos equívocos. Reconheço as imperfeições da obra, mas assumo que tive o maior prazer em me desfrutar com esse belo tributo a Era de Ouro de Hollywood. 

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