Clássicos do Cinema (1)

Após o Oscar 2016 e a habitual loucura que é assistir a praticamente todos os filmes da temporada de prêmios (Cannes, Globo de Ouro e sindicatos), reservei o mês de março para ver/rever alguns dos principais filmes dos anos 20/30. Alguns vou rever justamente para aumentar meu afeto ou diminuir meu repúdio, outros já estão como prioridade a muitos anos e são filmes que sempre tive o sonho de assistir – seja por citações em livros da história do cinema ou exaltações apaixonadas de alguns críticos. Claro, sempre seguindo minha “obrigatoriedade” de ver um filme por dia! Sendo assim, durante a semana assisto aos clássicos e nos fins de semana dou preferência as estreias nos cinemas e também alguns lançamentos em home vídeo. 

Um Negócio da China (1934) **

Direção: Norman Z. McLeod

Elenco: W.C. Fields, Kathleen Howard, Jean Rouverol

Meu Comentário: Um Negócio da China é apontado como um dos melhores filmes da carreira do comediante W.C. Fields, um dos grandes nomes da comédia americana do inicio do século, mas ainda “pouco conhecido” no Brasil. O filme aposta na comédia de erros (e repetições) para tentar cativar o seu espectador, mas sinceramente essa reincidência só me irritou. O filme possui algumas boas piadas, e as minhas prediletas foram com relação a uma criança que faz parte da vizinhança do personagem de Fields, que realmente prova ser um grande comediante. Gosto de algumas enquetes, mas não consegui ver nada no filme que seja compatível com seus notórios elogios. 

Uma Loira para três (1934) ***

Direção: Lowell Sherman

Elenco: Mae West, Cary Grant, Owen Moore.

Meu Comentário: Mae West é uma das mais célebres atrizes da história do cinema americano, mesmo só tendo feito doze filmes. E escolhi justamente o seu melhor trabalho para ser o meu primeiro filme de sua filmografia. Consagrada nos teatros, Mae West chegou aos cinemas causando um verdadeiro “estardalhaço”, muito em razão de seu humor sofisticado e repleto de ‘piadas de cunho sexual”, mas claro, encobertas de um adorável duplo sentido. Uma das coisas que me surpreenderam em seu trabalho é que West não é somente uma atriz, é uma verdadeira “performance”, atribuição que foi cultivada por sua brilhante carreira nos palcos da Broadway. E apesar de atuar como uma sex symbol, diria que sua figura está “um pouco longe” dos meus padrões (e de grande parte da população). Uma Loira para Três é uma divertida comédia, repleta de ótimos diálogos e boas atuações, inclusive contando com uma participação de um jovem Cary Grant, e que no futuro se tornaria um grande astro de Hollywood. 

A Última Ordem (1928) **** 

Direção: Josef Von Sternberg

Elenco: Emil Jannings, William Powell, Evelyn Brent.

Meu Comentário: Revi com todo o prazer do mundo e o filme continua sendo fantástico. Se você nunca assistiu “A Última Ordem” está perdendo a oportunidade de assistir a um dos melhores filmes das primeiras décadas do cinema. O seu roteiro foi inspirado em um aristocrata russo, o General Theodore Lodigensky, que aportou em Hollywood após a Revolução de 1917 e apareceu como “extra” em vários filmes. Além de uma história poderosa, o filme é dirigido pelo mestre alemão Josef Von Sternberg (O Anjo Azul) e protagonizado por duas lendas da história do cinema: Emil Jannings e William Powell. Emil Jannings inclusive venceu o Oscar de melhor em 1928 por atuações conjuntas em A Última Ordem e The Way of All Flesh. E se você não conhece os trabalhos de Jannings está perdendo a oportunidade de assistir a um dos maiores atores da história do cinema. Jannings é realmente fantástico, e sou um grande fã de seu trabalho, sempre o colocando como um dos 10 maiores atores da história do cinema. E suas atuações em A Última Ordem, A Última Gargalhada, Fausto e O Anjo Azul são as mais impressionantes credencias para fazer essa afirmação.