Críticas de Filmes

Críticas de Filmes

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Clássicos do Cinema: Macunaíma (1969) ***

Direção: Joaquim Pedro de Andrade

Sempre presente na lista dos melhores filmes brasileiros, Macunaíma foi recentemente apontado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), como o 10º melhor filme nacional em todos os tempos. A obra é dirigida por Joaquim Pedro de Andrade (O Padre e a Moça, Os Inconfidentes), e baseada no clássico romance do escritor Mário de Andrade.

Macunaíma permanentemente esteve em minha lista de melhores filmes nacionais, praticamente intocável, mas após o rever pela última vez (a quarta em minha vida), mudei minhas percepções, infelizmente para pior. Na realidade, a revisão só ressaltou minhas observações anteriores: que o primeiro ato era genial e o restante da obra enfadonha e pedante.

O prólogo, que dura aproximadamente 25 minutos, é realmente fantástico. Um dos grandes momentos na história do cinema. Nele, brilha a presença de Grande Otelo e do imponderável, marca registrada de todo o filme. Macunaíma “bebe da fonte do clássico literário”, mas apresenta toda criatividade e ousadia do Cinema Novo, mais importante movimento cinematográfico brasileiro. 


O personagem título é um verdadeiro anti-herói, sem nenhum caráter. Seguindo a saga deste “herói brasileiro”, o espectador acompanha a jornada de Macunaíma da selva para a “cidade grande, sempre em companhia dos seus dois irmãos: Maanape e Jiguê. 

Quem também brilha é Paulo José, que dá vida ao “Macunaíma branco”. Além dele, fazem parte do elenco Milton Gonçalves, Rodolfo Arena e Jardel Filho.


O filme une comédia e crítica social. Além disso, se utiliza de mitos indígenas, lendas, personagens do folclore brasileiro, tropicalismo e linguagem popular para construir sua versão surreal do Brasil. Um país repleto de fantasia, personagens fantásticos e uma narrativa caótica e por vezes, incompreensível. Mas muito atrelada ao momento socioeconômico vivido na década de 1970.

Macunaíma é assim, uma mistura de verdade e imaginação, realidade e surrealidade, encantos e desencantos. Talvez a obra tenha perdido um pouco do seu “charme” ao se demonstrar muito irregular no seu 2º e 3º ato, mas novamente destaco, seu prólogo é irretocável. 

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