Críticas de Filmes

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crítica do Filme: Birdman ou (A Inesperada Virtude da ignorância) (2014)***

Direção: Alejandro Gonzáles Iñarritu
Elenco: Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Zach Galifianakis.

Sinopse: No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.

Meu Comentário: Apontado como um dos grandes favoritos ao Oscar de melhor filme, assim como definitivamente é um dos melhores filmes do ano, Birdman é uma obra difícil, criativa, muito bem desenvolvida e que possui atuações poderosas, e tudo isso o credencia a ser visto.

E o grande responsável por tantas virtudes que acompanham a obra é o seu diretor/idealizador e roteirista, o talento Alejandro Gonzáles Iñarritu, que também possui em sua filmografia a direção de um dos meus filmes prediletos: Amores Brutos(2000). Além deste, o diretor também foi responsável pelo indicado ao Oscar Babel(2006) e os elogiados 21 Gramas(2003) e Biutiful(2010),apesar de considerar esses dois obras menores.

Se passando quase que exclusivamente nos bastidores de uma peça de teatro, Birdman nos proporciona atuações vibrantes, e entre elas destaco a atuação de Michael Keaton, que incontestavelmente apresenta aqui a melhor atuação de sua carreira.Também não posso deixar de tecer elogios a Emma Stone, que está realmente intensa no papel da filha de Riggan Thomson.  O mais interessante é que Keaton representa uma personificação tua, já que o ponto alto em sua carreira havia sido sua atuação em Batman(1989). E assim como seu personagem, Keaton tentou de tudo para “deixar para trás” seu grande êxito cinematográfico, mas nos últimos anos só vinha realizando produções B e era visto como um ator “canastrão”...até aparecer Birdman e novamente mostrar para o mundo que estamos diante de um bom ator (ou ao menos de uma grande atuação).

Além das atuações, a direção de Iñarritu é a grande responsável pela qualidade do filme. Escolha de elenco, fotografia, atuações, uma “câmera na mão” nervosa e também a sensação de que o filme foi filmado em um único plano sequência, resumindo, Birdman é tecnicamente uma aula de cinema e que se não for “visto” com olhos críticos, pode até mesmo aparentar que é uma obra convencional (ou mesmo chato), quando na realidade estamos diante de um filme cinematograficamente complexo e profundo.

Entre os problemas que enxergo em Birdman está a sua forma verborrágica de trabalhar o roteiro, uma vez que a base do filme são os seus diálogos (às vezes dispensáveis) e também suas atuações. E percebo que o filme acaba se tornando cansativo principalmente para um espectador comum, muito em razão de seus extensos diálogos e também de seu “trabalho de câmera”. Fora isso, o filme se utiliza de “momentos inexplicáveis” para se explicar. E dentre um desses momentos “mágicos”, o filme se aprofunda em seu questionamento quanto a arte, suas construções dramáticas, quanto ao papel da critica e também dos blockbusters. E também enxergo no filme uma critica voraz aos espectadores de hoje, que preferem “psicologias” baratas de filmes tão profundos quanto “uma poça de água”, em detrimento a obras que realmente se aprofundam nas questões humanas, filosóficas, existenciais e profundas, assim como Birdman acaba sendo.

Apesar de Birdman ser incontestavelmente um grande filme, ele não é o meu predileto na “corrida ao Oscar”. E dentre as categorias que disputa, vou torcer muito para que Michael Keaton vença o seu primeiro Oscar de melhor ator, principalmente por “entender” sua  atuação como a mais poderosa do ano. Além disso, não será surpresa alguma a premiação de melhor diretor para Iñarritu ou mesmo a de melhor roteiro (apesar de sua complexidade). Mas já adianto, Birdman não é um filme para qualquer espectador, entendam que é uma obra densa, difícil, profunda e intensamente filosófica, e com isso, requer uma “atenção muito especial” do seu espectador.

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