Críticas de Filmes

Críticas de Filmes

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Crítica do Filme: Ida (2014) ***

Direção: Pawel Pawlikowski
País: Polônia
Elenco: Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska.


O que mais me motivou a assistir a essa produção polonesa, foi à abundante quantidade de elogios da imprensa e o grande número de premiações cinematográficas em todo mundo que o filme recebeu. E ontem esses elogios ficaram ainda mais evidenciados com a indicação do filme ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, e do qual teoricamente desponta como favorito.  É bom lembrar que o filme também é o escolhido para representar a Polônia na corrida do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2014, e provavelmente vai figurar entre os cinco finalistas.

O filme acompanha a jovem noviça Anna (Agata Trzebuchowska), que por insistência de sua Madre superiora, deve antes de prestar seus votos e se tornar freira, visitar a única pessoa que resta de sua família (e que ela nunca conheceu), a sua tia Wanda (Agata Kulesza).


E a partir desse primeiro encontro, as descobertas de Anna são inúmeras e o choque com esse “novo mundo” trará mudanças significativas em sua vida. É quando de maneira crua sua tia revela que seu nome na realidade é Ida, que ela é judia (apesar de sempre seguir o catolicismo), e que toda sua família foi morta durante a guerra. E após tantas revelações, Ida resolve investigar o seu passado para descobrir onde estão os corpos de seus pais. E de maneira surpreendente, a sua tia Wanda resolve a acompanhar nessa viagem por vezes chocante e repleta de descobertas. Na realidade, Wanda sempre quis saber mais do passado, faltava uma razão para reviver ou descortinar o que ela já sabia e fazia questão de fingir que não aconteceu.

Em uma das minhas cenas prediletas (e totalmente alegórica), Ida e sua tia passam por uma estrada com ares fantasmagóricos e de uma fotografia realmente deslumbrante (é um dos pontos primordiais na qualidade do filme). Naquele momento, percebe-se que ambas vão vasculhar o passado, as suas próprias histórias e irão passar por modificações irreversíveis.

Como em determinado momento do filme é falado: "as duas representam uma dupla muito diferente". Ida é uma jovem noviça, recatada, de poucas palavras e de muita observação; já Wanda é o oposto, deixa transparecer sua audácia e seus prazeres carnais, tentando demonstrar no presente todo o poder de seu passado, quando era uma procuradora do Partido Comunista.

O filme é uma grande viagem de descobertas, tanto para as personagens quanto para o espectador. Algumas cenas são realmente fortes, as atuações das atrizes principais são irretocáveis, assim como a competente direção de Pawel Pawlikowski.

Ida é uma obra singela, tocante, mas sem deixar de evidenciar os horrores da guerra e o comprovado massacre ao povo judeu. Mais um belo filme na história do cinema polonês.

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