Críticas de Filmes

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Crítica do Filme: Na Estrada (2012) **

Direção: Walter Salles
Gênero: Drama
Elenco: Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Amy Adams, Tom Sturridge, Alice Braga, Kirsten Dunst e Viggo Mortensen.
Sinopse:
Sal Paradise (Sam Riley) é um aspirante a escritor que acaba de perder o pai. Ao conhecer Dean Moriarty (Garrett Hedlund) ele é apresentado a um mundo até então desconhecido, onde há bastante liberdade no sexo e no uso de drogas. Logo Sal e Dean se tornam grandes amigos, dividindo a parceria com a jovem Marylou (Kristen Stewart), que é apaixonada por Dean. Os três viajam pelas estradas do interior do país, sempre dispostos a fugir de uma vida monótona e cheia de regras.

Comentários: Transformar uma obra literária em obra cinematográfica é um processo difícil e muitas vezes perigoso, pois enquanto uma usa as palavras para conquistar seu leitor, a outra forma de arte tenta através de imagens e diálogos fazer essa conquista. E não são poucos os casos de insucessos nessa transposição, pois de alguma forma, o filme pode acabar desagradando ao público alvo (o já leitor da obra) e também influenciando mal (em razão das críticas), um público que ainda não conhece o livro. Claro que temos grandes exemplos de acertos e também de filmes que superam e muito – tanto em fama quanto qualidade –, suas principais fontes de adaptação. Cito como exemplo desse sucesso, o clássico O Poderoso Chefão (1972), O Silêncio dos Inocentes (1991), O Planeta dos Macacos (1968), O Clube da Luta (1999), Dança com Lobos (1990) e também o enorme sucesso que foi a trilogia O Senhor dos Anéis, muito bem transposta para as telas e com ótima recepção dos fãs da saga criada por Tolkien.

Agora não há dúvidas de quanto é maior a lista de fracassos nos cinemas de grandes obras literárias, a lista é extensa e notória, e divido esses filmes em dois grupos. O primeiro grupo é dos filmes que conseguiram sucesso nas bilheterias, mesmo desagradando aos seus leitores: Caçador de Pipas, O Código da Vinci, Anjos e Demônios e o brasileiro Olga, são alguns filmes que se encaixam nesse perfil. Outro grupo é daqueles filmes que fracassaram nas bilheterias, muito em razão da grande disparidade entre a obra literária e o resultado final nas telas do cinema, para exemplificar, cito:  Eragon (2006), A Bússola de Ouro (2007) e o repercutido A Fogueira das Vaidades (1991), que foi uma adaptação realizada por Brian de Palma do livro homônimo vencedor do prêmio Pulitzer, mas que foi tão mal recebido pela crítica que entrou no hall dos grandes fracassos da história do cinema.

Retornando ao “Na Estrada” de Walter Salles, infelizmente tenho grandes convicções em relação ao filme, principalmente que ele se encaixa no grupo das adaptações cinematográficas que fracassam ao tentar se aproximar de sua “obra mãe”, o livro. E talvez o grande responsável pela fria recepção da crítica pelo mundo é sem duvida alguma a grande admiração e importância que a obra “On The Road”, escrita por Jack Kerouac, tem com seus fãs e admiradores. É um livro que usa de artifícios íntimos e filosóficos para conquistar e agregar aos anseios pessoais/ intelectuais de seus leitores, sempre usando e abusando de sua escrita direta e introspectiva, algo que acabou dificultando ainda mais sua adaptação ao cinema e também uma maior interação com um espectador cada vez mais preguiçoso e imediatista (como é a grande massa de espectadores nos dias de hoje).

Talvez o grande problema de “Na Estrada”, seja sua visível irregularidade, mais acentuada ainda pelo fato do filme ter um desenvolvimento falho – o filme fica no meio termo entre difícil e chato –, e por momentos passar a impressão de uma história circular e que não se desenvolve. Claro que o diretor Walter Salles tem culpa nessa errônea condução, mas tenta compensar com algumas envolventes cenas – a maioria contando com a magnifica personagem Marylou – e também uma excelente fotografia. Alias tecnicamente o filme é quase que impecável.

“Na Estrada” conta com uma direção “perdida” do sempre competente Walter Salles( Central do Brasil), e que falha como projeto, mesmo tendo como grande ponto de exclamação as atuações de seu elenco – sobressaindo Kirsten Stewart, sexy e deslumbrante –, e também uma filosofia central muito distante desse contemporaneidade dos dias de hoje.  E apesar de um movimento de contracultura ainda presente pelo mundo, o filme fracassa intelectualmente e também como “bandeira”, pois sua combinação de drogas, sexo e literatura é absolutamente enfadonha.

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