Críticas de Filmes

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terça-feira, 13 de março de 2018

Crítica do Filme: O Insulto (2017) ★★★

O Insulto (2017)
Direção: Ziad Doueiri


Sinopse: Beirute. Toni (Adel Karam) é um cristão libanês que sempre rega as plantas de sua varanda e um dia, acidentalmente, acaba molhando Yasser (Kamel El Basha), um refugiado palestino. Assim começa um intenso desacordo que evolui para julgamento com ampla cobertura midiática e toma dimensão nacional.

Comentário: O Insulto foi um dos cinco finalistas na categoria de melhor filme estrangeiro do Oscar 2018 (que premia os melhores filmes de 2017), mas quem acabou vencendo foi o chileno Uma Mulher Fantástica (2017), um filme que possui qualidades, mas que considero inferior a outros três concorrentes: Sem Amor, de Andrey Zvyagintsev (o meu favorito), Corpo e Alma e O Insulto.

O fato que mais me incomodou em "O Insulto" foi a "cara" de telefilme. Entre todos os concorrentes, é o mais fraco tecnicamente, principalmente em relação a narrativa. É um típico melodrama, e filmado da forma mais "quadrada" que possível. Apesar da história ser poderosa, e universal, o desenvolvimento é o mais previsível que se possa imaginar. 

Entre os destaques está a atuação do elenco e os embates nos tribunais (sim, o filme é do gênero "filme de tribunal). A obra, de origem libanesa, se passa no Oriente Médio (é, claro), e apresenta como um conflito "pequeno"pode se tornar uma grande discussão nacionalista. 

Lúcia Monteiro, crítica do jornal Folha de São Paulo, ressalta que em "O Insulto", o lugar da vítima e do agressor estão sob permanente disputa. O refugiado palestino e o libanês cristão revezam-se em ambos papéis, o que não implica em uma suposta neutralidade do filme, mas garante pontos de vista cambiantes.

Já a revista america Variety diz que, rumo ao final, Doueiri tenta trazer um pouco mais de nuance aos personagens principais, mas a raiva de Tony impede qualquer comportamento conciliatório, e soa um tanto manipuladora. Yasser se torna o personagem mais complexo, mas talvez seja apenas por se mostrar mais contido.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Top 10: Veja a lista dos melhores filmes de 2017

Faltando poucos dias para o Oscar 2018 (que premia os melhores filmes de 2017), é hora de revelar minha lista definitiva dos melhores filmes do ano. Mas para relembrar aos leitores, a minha lista começa com um “porém”. Embora muitos críticos, blogs e cinéfilos também apresentem listas de melhores filmes do ano, a minha segue um padrão um pouco diferente. Como catalogo todos os filmes que vejo, e também os que possuo em minha coleção, a lista sempre segue o padrão do ano de produção, isto é, o ano em que o filme estreou nos cinemas mundiais. E levo em conta, sua participação em festivais de cinema e também sua legibilidade para o Oscar. 

Exemplo: os filmes que disputaram o Oscar, Globo de Ouro e Cannes em 2016, mas só estrearam no Brasil em 2017, estão fora da minha lista, pois não levo em conta o calendário de estreias no Brasil.

Como de costume, é claro que nem todos irão concordar com os filmes aqui apresentados. Mas lembre-se que minha opinião é baseada em minha subjetividade e repertório cinematográfico.💥 Espero que gostem e se possível, deixem sua opinião sobre os melhores filmes de 2017 e também os favoritos ao Oscar 2018!


TOP DEZ - OS MELHORES FILMES DE 2017

Chegar a lista definitiva dos melhores filmes de 2017 não é uma tarefa fácil. Só de obras produzidas em 2017, foram mais de 140 filmes assistidos. Entre eles, todos os filmes indicados ao Oscar, ao Globo de Ouro, grande parte dos concorrentes ao Festival de Cannes e obras premiadas em Veneza, Berlim e nos principais festivais de cinema do mundo. Além disso, claro, as principais estreias cinematográficas do ano que fogem desse contexto já citado, como os "aguardados", e por vezes decepcionantes, blockbusters. 

Mas vamos lá. Na dianteira da lista, com uma pequena vantagem, está Três Anúncios para um Crime, obra dirigida por Martin Mcdonaugh, e meu favorito ao Oscar de Melhor Filme. Dessa forma, considero que ele e "Eu, Tonya" estão um nível acima do restante da lista. E vale a pena destacar na obra o ótimo roteiro, os brilhantes personagens e as atuações do trio de protagonistas: Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell.

Na segunda colocação está "Eu, Tonya", que é dirigido por Craig Gillespie. Confesso que fui surpreendido de todas as formas pela adaptação biográfica da ex-patinadora americana Tonya Harding. E o filme é excepcional. Além disso, possui atuações brilhantes de Margot Robbie (Tonya) e Alisson Janney, que interpreta a mãe da protagonista e quase que "rouba o protagonismo" do filme. Sem falar na montagem vibrante e no roteiro, magistralmente construído. 

Fechando o meu TOP 3 fico com Terra Selvagem, impactante obra dirigida por Taylor Sheridan, mesmo roteirista de A Qualquer Custo (2016) e Sicário (2015). Protagonizado por Jeremy Renner e Kelsey Asbille, o filme é um daqueles filmes de suspense/policial envolvente, eletrizante e surpreendente. 

Para compor a lista dos melhores do ano também inclui a comovente, e bem realizada, animação Viva- A  Vida é uma Festa.  Na lista também merece estar presente o melhor filme brasileiro do ano: Bingo - O Rei das Manhãs. Também não posso deixar de fora "Corra!", talvez o filme mais original do ano. E representando o cinema fantástico está o chocante "O Sacrifício do Cervo Sagrado", protagonizado por Colin Farrell e Nicole Kidman, e dirigido pelo cineasta grego Yorgos Lanthimos.

Minha lista é completada pelo suspense "IT- A Coisa", pelo "caliente" Me Chame pelo Seu Nome e pelo excelente exemplar do gênero sci-fi "Vida", dirigido por Daniel Espinosa e protagonizado por Jake Gyllenhaal. 



1) Três Anúncios para um Crime - Martin McDonaugh ★★★★
2) Eu, Tonya - Craig Gillespie ★★★★★
3) Terra Selvagem - Taylor Sheridan ★★★★
4) Corra! - Jordan Peele ★★★★
5) O Sacrifício do Cervo Sagrado - Yorgos Lanthimos ★★★★
6) Viva - A Vida é uma Festa - Lee Unkrich ★★★★
7) Me Chame Pelo Seu Nome - Luca Guadagnino ★★★★
8) Vida - Daniel Espinosa ★★★★
9) Bingo - O Rei das Manhãs ★★★★
10) IT - A Coisa - Andy Muschietti ★★★★

INDICADOS AO OSCAR 2018
"Três anúncios para um crime" ★★★★
"Me chame pelo seu nome"★★★★
"Corra!"★★★
"A forma da água"★★★
"Dunkirk"★★★
"Lady Bird - É hora de voar"★★★
"Trama Fantasma"★★★
"O destino de uma nação"★★★
"The Post - A Guerra Secreta"★★★

           OSCAR DE FILME ESTRANGEIRO
Corpo e Alma ★★★★
Sem Amor ★★★★
The Square ★★1/2
Uma Mulher Fantástica ★★1/2



                CANNES 2017

The Square - A Arte da Discórdia - Ruben Ostlund  ★★1/2
Bom Comportamento- Benny e Josh Safdie ★★1/2
Sem Amor - Andrei Zvyagintsev - ★★★★
O Amante Duplo- François Ozon 
O Sacrifício do Cervo Sagrado - Yorgos Lanthimos ★★★
O Estranho que Nós Amamos - Sofia Coppola - ★★★
OKJA- Bong Joon-Ho ★★★
Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe - Noah Baumbach ★★★
Formidável - Michel Hazanavicius ★★1/2

           GRANDES FILMES DE 2017

Lady Macbeth - William Oldroyd ★★★★
Blade Runner 2049- Denis Villeneuve - ★★★★
Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi - Dee Rees ★★★★
Alien: Covenant - Ridley Scott ★★★★
Em Ritmo de Fuga - Edgar Wright - ★★★★
O Dia do Atentado - Peter Berg - ★★★★
Logan - James Mangold - ★★★★
Fragmentado - M.Night Shyamalan ★★★★
Colossal - Nacho Vigalondo ★★★★
Churchill - Jonathan Teplitzky - ★★★★
Jim &  Andy-  ★★★★

Roman J. Israel - Dan Gilroy ★★★
Com Amor, Van Gogh - ★★★
Rei Arthur - A Lenda da Espada - Guy Ritchie - ★★★
Homem- Aranha - De Volta ao Lar ★★★
Liga da Justiça- Zack Snyder ★★★
Extraordinário - Stephen Chbosky - ★★★
Borg vs McEnroe - Janus Metz - ★★★
A Babá - MCG- ★★★
T2 Trainspotting - Danny Boyle ★★★
Depois Daquela Montanha - Harry Abu-Assad ★★★
Victoria e Abdul - Stephen Frears - ★★★
Assassinato no Orient Express - Kenneth Branagh - ★★★
Star Wars - Os Últimos Jedi - Rian Johnson - ★★★
A Ghost Story - David Lowery -  ★★★
Kingsman- O Círculo Dourado -  Matthew Vaughn - ★★★
A Cura - Gore Verbinski - ★★★
Feito na América - Doug Liman - ★★★
Versões de um Crime - Courtney Hunt - ★★★
Rei Arthur - A Lenda da Espada - Guy Ritchie -★★★
Mark Felt - Peter Landesman - ★★★
Mãe! - Darren Aronofsky - ★★★
Pelé - O Nascimento de uma Lenda- ★★★
A Vigilante do Amanhã ★★★


Todo Dinheiro do Mundo - Ridley Scott ★★1/2
Projeto Flórida - Sean Baker ★★1/2
O Rei do Show - Michael Gracey ★★1/2
O Artista do Desastre - James Franco - ★★1/2
A Bela e a Fera - Bill Condon - ★★1/2
Roda Gigante - Woody Allen - ★★1/2
Quatro Vidas de um Cachorro -Lasse Hallstron ★★1/2
A Casa Caiu - ★★1/2
Doentes de Amor - ★★1/2
Logan Lucki - Steven Soderbergh - ★★1/2
Emoji - ★★1/2
Planeta dos Macacos - A Guerra - Matt Reeves - ★★1/2
Guardiões da Galáxia 2 - James Gunn - ★★1/2
Norman: Confie em Mim - Joseph Cedar - ★★1/2
Atômica - David Letch - ★★1/2
O Espaço entre Nós - Peter Chelsom - ★★1/2
A Guerra dos Sexos - Jonathan Dayton - ★★1/2
Máquina de Guerra - ★★1/2
Annabelle 2 - ★★1/2
A Múmia - Alex Kurtzman - ★★1/2
A Cabana - ★★1/2
John Wick - Um Novo Dia Para Matar ★★1/2
Velozes e Furiosos 8 -  ★★1/2
Z: A Cidade Perdida -  ★★1/2

Mulher- Maravilha - Patty Jenkins ★★
Thor: Ragnarok - ★★
Na Mira do Atirador - Doug Liman - ★★
Ao Cair da Noite - Trey Edward Shultz ★★
A Vigilante do Amanhã ★★
Power Rangers ★★


     DESTAQUES NACIONAIS E ESTRANGEIROS

Um Contratempo ★★★★
Thelma ★★★★
Raw - ★★★★
Como Nossos Pais ★★★
O Reino da Beleza - Denys Arcand - ★
O Matador - Marcelo Galvão - ★★1/2
Primeiro, Mataram o Meu Pai - Angelina Jolie ★★★
Verão de 1993 - Carla Simon  ★★★
Corpo Elétrico - Marcelo Caetano ★★1/2
Rastros - Agnieszka Holland ★★
A Vilã ★★
Polícia Federal - A Lei é para Todos - Marcelo Antunez  ★★★
Monsieur & Madame Adelman ★★★


          OS PIORES FILMES DE 2017

Como se Tornar o Pior Aluno da Escola ★
Boneco de Neve - Tomas Alfredson ★
Tempestade: Planeta em Fúria - ★
Em Defesa de Cristo ★
Jogo Perigoso - ★
Cinquenta Tons Mais Escuros - ★
O Chamado 3 - ★
Transformers - O Último Cavaleiro - Michael Bay ★★
Piratas do Caribe - A Vingança de Salazar - ★★
Kong: A Ilha da Caveira ★★

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Crítica do Filme: Trama Fantasma(2017) ★★★

Trama Fantasma (2017)
Direção: Paul Thomas Anderson



Sinopse: Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que, constantemente, entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma (Vicky Krieps), que vira sua musa e amante.

Comentário: Aguardei, com muita expectativa, a chegada aos cinemas de "Trama Fantasma", que além de trazer a "marca" do novo filme do diretor Paul Thomas Anderson, é protagonizado por Daniel Day-Lewis e foi indicado a seis categorias no Oscar, inclusive a de melhor filme. 

Já adianto que tenho um grande apreço por dois filmes do diretor, que inclusive estão entre os meus 100 melhores em todos os tempos, e que remetem justamente a fase inicial de sua carreira: Boogie Nights (1997) e Magnólia (1999), que ainda considero ser sua obra prima.  Além desses, Sangue Negro (2007) e O Mestre (2012) também merecem destaque. Já a última obra de PTA, Vício Inerente, ficou devendo, assim como "Trama Fantasma", que também não me convenceu por completo.

O filme, que possuiu um início muito lento, se passa na Inglaterra da década de 1950 e acompanha o estilista Reynolds Woodcock, um personagem egocêntrico, praticamente "insuportável", e que rendeu mais uma brilhante atuação de Daniel Day-Lewis. Apontado como gênio, ele é responsável por vestir a elite britânica e também grandes nomes da realeza europeia. 

Além dele, duas mulheres dividem o protagonismo: Cyril (Lesley Manville), que interpreta sua irmã, e Alma (Vicky Krieps), que se torna sua musa e amante, e que praticamente "rouba" o filme nos seus 40 minutos finai (o ponto alto da obra).  


Além de apresentar ótimas atuações, o filme possui uma história complexa, onde a relação entre os personagens de Woodcock e Alma não é bem clara. Ciúme, inveja, provocação e carência fazem parte de um embate entre os dois. Aos poucos, Alma entra na vida de Woodcock e deixa de ser apenas uma "modelo" para se tornar parte fundamental dele. E é através de uma grande reviravolta, que ela testa os limites de Woodcock e toma as rédeas de uma relação cada vez mais doentia. 

"Trama Fantasma" é um filme difícil de se explicar. Ele mexe com as emoções, e também a paciência do espectador, se tornando uma obra para um público seleto. Vale destacar a qualidade técnica e a estética do filme, simplesmente irretocáveis. Mas posso resumir o filme como a história de um homem poderoso, e controlador, que passa a ser desafiado, e controlado, por Alma, uma jovem que de inocente só tem a cara. 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Crítica do Filme: Eu, Tonya (2017) ★★★★★

                                                                                                         😍 #15 Visto em 14/01/2018


Eu, Tonya (2017)
Direção: Craig Gillespie


Sinopse: Desde muito pequena exibindo talento para patinação artística no gelo, Tonya Harding (Margot Robbie) cresce se destacando no esporte e aguentando maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe (Allison Janney). Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), a atleta acaba envolvida num plano bnte a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. Baseado em fatos reais.

Comentário: "Eu, Tonya" aborda um dos episódios mais controversos da história do esporte nas últimas décadas. Em 1994, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno, a patinadora Nancy Kerrigan, uma das favoritas ao Ouro olímpico, é agredida com um bastão, por mando de sua principal rival no país, Tonya Harding.  A história, que termina com Kerrigan levando a medalha de prata nos Jogos de Inverno, começou no dia 6 de janeiro, quando ela teve seu joelho acertado por um homem com um bastão enquanto saía de um treino pré-seletiva americana. 

Ao invés de focar no notório episódio, a agressão, o filme surpreende ao acompanhar todo o caso sob a perspectiva de Tonya Harding, a suposta criminosa. E apesar de ser baseado em um fato real, surpreende o espectador a todo momento. Com isso, consegue se firmar como um dos melhores e mais importantes filmes de 2017, graças a três pontos fundamentais: a direção de Craig Gillespie, que anteriormente só havia realizado filmes irregulares, como a fraca refilmagem de A hora do Espanto (2011) e Horas Decisivas (2016); a originalidade e genialidade do roteiro escrito por Steven Rogers, que proporciona cenas memoráveis e torna o episódio em uma "comédia dramática de primeira classe" e as exuberantes e irretocáveis atuações de Margot Robbie, que merece ser indicada ao Oscar da categoria, e Alisson Janney, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e favoritíssima, com todos os méritos, ao Oscar.

"Eu, Tonya" se firma como um um dos filmes essências da temporada 2017/2018 ao conseguir conquistar e impactar o espectador com ótimos personagens, cenas marcantes e muita originalidade. Como, por exemplo, quando utiliza o artifício de "quebrar a quarta parede", isto é, quando o personagem fala diretamente para o público. 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Crítica do Filme: Me Chame Pelo seu Nome (2017) ★★★★

                                                                              😍 #14 Visto em 14/01/2018
Me Chame Pelo Seu Nome (2017)
Direção: Luca Guadagnino
 

Sinopse: O sensível e único filho da família americana com ascendência italiana e francesa Perlman, Elio (Timothée Chalamet), está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda quando Oliver (Armie Hammer), um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai, chega.

Comentário: Após assistir "Me Chame Pelo Seu Nome", fica bem claro porque o filme é apontado como um dos melhores e mais importantes de 2017, e da "Temporada de Premiações". A obra, que é baseada no livro do escritor americano André Aciman, teve o roteiro escrito pelo renomado James Ivory (Maurice/ Uma Janela para o Amor/ Retorno a Howards End e Vestígios do Dia), e é dirigido pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, que possui em sua filmografia o também polêmico "100 Escovadas antes de Dormir" (2005)***. Poético, sexy, singelo e dono de atuações poderosas e conduzido com maestria por Guadagnino, a obra é simplesmente imperdível. Um dos filmes essências da temporada 2017/2018.

Ambientado no interior da Itália, o filme acompanha a intelectual família do jovem Elio (Timothée Chalamet),que recebe a visita de um acadêmico (Armie Hammer) para contribuir nas pesquisas históricas desenvolvidas pelo seu pai (Michael Stuhlbarg em uma grande atuação). Criado em um ambiente de consciência artística e cultural, Elio lê com frequência, toca piano e sabe um pouco de tudo. Mas ainda assim, possui todas as dúvidas de um jovem.

A medida que o filme se desenvolve, a tensão sexual entre Elio e Oliver aumenta, e o filme se torna cada vez mais interessante. O que mais me agrada é justamente isso. O clima. A forma até certo ponto despretensiosa com que o diretor conduz a história, os personagens. Alias, que personagens. O filme é realmente poderoso, assim como as atuações de Timothée Chalamet e Armie Hammer, que na minha opinião é a mais premiável do elenco. 


Resumidamente, posso afirmar que o filme me proporcionou uma das melhores sessões cinematográficas dos últimos anos. Uma sessão de muita imersão na historia e nos personagens. Além disso,a obra me lembra um dos meus filmes prediletos: Morte em Veneza. Dirigido por Luchino Visconti em 1971, a tensão sexual era sempre presente e o cenário parte da história.  

Posso facilmente definir Me Chame Pelo Seu Nome como um dos mais importantes filmes dos últimos anos. Não somente/ou pela temática, mas também pela forma que aborda a primeira paixão, a entrega ao amor e a relação entre um jovem comum (que dança, ri, chora, erra e acerta) com sua família, que sempre o apoia e contribui para o seu crescimento intelectual e emocional.  


Crítica do Filme: The Square: A Arte da Discórdia (2017) ★★1/2

                                                                                                 😞  #13 Visto em 14/01/2018

The Square: A Arte da Discórdia (2017)
Direção: Ruben Ostlund
 💔

Sinopse: Um gerente de museu está usando de todas as armas possíveis para promover o sucesso de uma nova instalação. Entre as tentativas para isso, ele decide contratar uma empresa de relações públicas para fazer barulho em torno do assunto na mídia em geral. Mas, inesperadamente, isso acaba gerando diversas consequências infelizes e um grande embaraço.

Comentário: The Square: A Arte da Discórdia é confuso e irregular. E posso garantir que, apesar de ser o surpreendente vencedor do Palma de Ouro no último Festival de Cannes, a abordar, através de várias "enquetes", importantes discussões, não é uma obra bem definida. Não é um filme pronto. Ele levanta vários questionamentos, mas não se preocupa em tentar responder.

O filme basicamente aborda três temas: a confiança, o que é arte e quais os limites da arte? E tenta, ao longo de 2h22 minutos, responder a essas pergunta, mas, como é comum em inúmeras obras ultimamente, opta por um final aberto e subjetivo, jogando para o público a possível conclusão para tudo que é construído na tela. E o resultado final só não é decepcionante em razão do ótimo personagem interpretado por Claes Bang, além das surpresas presentes no roteiro.



The Square é dirigido por Ruben Ostlund, diretor sueco que possui em sua filmografia o ótimo Força Maior (2014) ****. Posso até afirmar que o filme é bem conduzido e consegue captar a atenção do seu espectador com cenas bem construídas. Sempre unindo humor, imprevisibilidade e uma acidez crítica. Mas o espectador fica naquela. O que é isso que estou assistindo? O que vem depois?  The Square é praticamente um filme interativo, assim como a principal obra presente no museu sueco de arte contemporânea, o contestado quadrado da confiança de uma artista chilena.   

Instalações, performances, limites, a sociedade contemporânea, o preconceito, o poder da internet e o avanço da mendicância na Suésia. Tudo é abordado de forma satírica ao longo da obra. Algumas me fizeram gargalhar, outras causaram indignação. Já a direção de Ostlund é praticamente irretocável, assim como as atuações, mas não posso dizer o mesmo do roteiro. Falho, confuso e sem um fechamento digno do restante da obra. Mas talvez o grande mérito da obra seja a qualidade dos personagens coadjuvantes: um garoto acusado injustamente, uma jornalista apaixonada, o homem-macaco e um espectador com síndrome de Tourette.

The Square faz rir e pensar e, definitivamente,  vale a pena ser visto. Nem que seja para você se decepcionar, apesar de não considerar o filme uma decepção. Além de premiado em Cannes, o filme foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme estrangeiro e é um dos favoritos ao Oscar 2018.


Crítica do Filme: O Destino de uma Nação (2017) ★★★

                                                                                          😏  #12 Visto em 13/01/2018
O Destino de uma Nação (2017) 
Direção: Joe Wright 



Sinopse: Winston Churchill (Gary Oldman) está prestes a encarar um de seus maiores desafios: tomar posse do cargo de Primeiro Mnistro da Grã-Bretanha. Paralelamente, ele começa a costurar um tratado de paz com a Alemanha nazista que pode significar o fim de anos de conflito.

Comentário: Vou começar minha análise com uma polêmica. Não só acho o filme Churchill, também lançado em 2017, melhor que O Destino de uma Nação, como também considero a atuação de Brian Cox, muito superior a de Gary Oldman. E não é só isso. Churchill é melhor em vários aspectos: desenvolvimento/condução da história, nas atuações do elenco de apoio e tecnicamente. Se ainda não viu,assista.  

O Destino de uma Nação aborda a posse de Winston Churchill como Primeiro Ministro da Grã- Bretanha em plena Segunda Guerra Mundial. Entre os conflitos presentes na obra: a já célebre personalidade difícil de Churchill, as incertezas das ações militares, uma eminente invasão por parte da Alemanha e a retirada de 300 mil homens encurralados em Durquerque, no litoral da França. Outro episódio também abordado em um dos mais importantes filmes do ano, Dunkirk, dirigido por Christopher Nolan, e destacado na Temporada de Premiações.

Me desculpa por tornar a crítica de Churchill uma crítica comparativa, mas é inevitável. Apesar de respeitar o diretor Joe Wright, confesso que não me agrada tanto a forma que conduz suas obras. E considero sua filmografia irregular, tento bons momentos (Desejo e Reparação/ Hanna), e outros completamente decepcionantes ( O Solista/ Peter Pan). Além disso, a versão de Clemmie Churchill, protagonizada por Miranda Richardson, em Churchill, é muito superior a atuação de Kristin Scott Thomas. 

A tensão, a história, a atuação, a versão do rei George VI, tudo em Churchill (2007) é muito superior ao O Destino de uma Nação. Isso é muito evidente para mim. Mas voltado ao Destino de Uma Nação, acho que o diretor Joe Wright falha em alguns momentos, deixando o filme desinteressante, principalmente por apostar em incontáveis discursos do persoagem principal.

Em relação a atuação de Gary Oldman, uma das mais premiadas de 2017, inclusive vencendo o Globo de Ouro de melhor ator e se tornando favoritíssimo ao Oscar da categoria, ela é crescente. Não me impressionou muito no começo (em razão com a inevitável comparação com Cox), mas nos 40 minutos finais, não só o filme melhora consideravelmente, valorizando os embates entre os personagens, como a atuação de Oldman, que definitivamente garante ser uma das melhores atuações do ano. E impressiona como o ator está irreconhecível. E afirmo, entre os possíveis indicados ao Oscar, apesar de ainda não ter visto Daniel Day-Lewis e Tom Hanks, o seu trabalho é muito superior aos outros concorrentes.