Críticas de Filmes

Críticas de Filmes

sábado, 30 de abril de 2016

Crítica: Capitão América – Guerra Civil (2016) ***

Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Don Cheadle, Jeremy Renner, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Paul Rudd, Tom Holland, Daniel Bruhl, Elizabeth Olsen.

Sinopse: Steve Rogers (Chris Evans) é o atual líder dos Vingadores, grupo de heróis formado por Viúva Negra (Scarlett Johansson), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Visão (Paul Bettany), Falcão (Anthony Mackie) e Máquina de Combate (Don Cheadle). O ataque de Ultron fez com que os políticos buscassem algum meio de controlar os super-heróis, já que seus atos afetam toda a humanidade. Tal decisão coloca o Capitão América em rota de colisão com Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro.

Meu Comentário: Acredito que os filmes de super-heróis já esgotaram sua fórmula ou eu esgotei minha paciência com eles. Sinceramente, nada mais me impressiona. Capitão América: Guerra Civil falha por ser excessivamente longo (algo recorrente nos últimos filmes de heróis), verborrágico e na insistência de uma motivação incompreensível do Capitão América em defender Bucky Barnes (Soldado Invernal). Acho que poderiam encontrar outras razões mais palpáveis para um confronto de vários heróis com apenas um objetivo: arrebentar nas bilheterias.

Se essa formula de explosões, lutas perfeitamente coreografadas e a junção de vários heróis, que copiosamente remetem a outros filmes da Marvel ainda te surpreendem, só pode ser por dois motivos: você é um fã dos quadrinhos e dos heróis (e por mais que eu argumente você ainda vai achar o filme espetacular), ou seu repertório cinematográfico é muito limitado. Sendo assim, enquanto eu estou analisando uma obra cinematográfica, você pode estar pensando na história de seu herói predileto.

O filme possui doses egocêntricas de humor (enquanto o cinema morria de rir, eu morria de tédio), cenas de luta realmente espetaculares (o confronto no aeroporto é mesmo sensacional) e muito blá blá blá. Francamente, esses filmes de ação que repetem a mesma fórmula e que pouco diferem um dos outros são para mim tão enfadonhos quanto é um filme de Apichatpong Weerasethakul (Tio Boonmee, Cemitério do Esplendor) para o grande público.

A base da história é centrada no aumento do controle político e na responsabilização dos atos cometidos pelos heróis (a mesma premissa de Batman Vs Superman). Tudo em razão dos grandes estragos que envolvem as suas atuações nas tentativas de deixar o mundo mais seguro. Isso faz com que a equipe se divida em dois times: um liderado por Capitão América e outro por Homem de Ferro.  Tenho que ressaltar que alguns personagens pouco acrescentam a história (War Machine, Visão, Zemo), enquanto outros realmente roubam a cena. As aparições do Homem-Aranha (muito bem interpretado por Tom Holland), do Pantera Negra e do Homem-Formiga são geniais, do início do fim, e são deles os melhores diálogos da obra.

A minha sensação, após essa avalanche de filmes do gênero (Hulk, Thor, Capitão América, Batman, Superman, Quarteto Fantástico, X-Men, Wolverine, Os Vingadores, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Homem-Formiga, Deedpool), e que poucos exigiram do seu espectador. Essa repetição de fórmula é recorrente na história do cinema: os musicais; os filmes de terror, ação e as comedias adolescentes nos anos 80 e o “novo” terror nos anos 90 (após o sucesso do filme Pânico). Todos esses modelos fizeram sucesso, marcaram época e devido a repetição de sua receita, foram cansando o público e sendo substituídas por outros gêneros mais populares. A grande questão é que os filmes de heróis acompanham grande parte do seu público ao longo de suas vidas, desde os quadrinhos até os bonecos colecionáveis, sendo assim, os filmes refletem o sonho de muitos deles: ver de forma concreta os seus ídolos nas telas do cinema. E pelo visto esses espectadores não se cansam nem da formula, nem de admirar compulsivamente os seus heróis, independente da forma que são apresentados.

Apesar dos equívocos, Capitão América: Guerra Civil possui algumas das melhores cenas de ação dos últimos anos. E com relação a isso, o filme é impecável. Também não posso deixar de elogiar o grande carisma dos personagens do Capitão América, do Homem de Ferro, da Viúva Negra, do Homem-Formiga, e da excelente introdução do Pantera Negra e do Homem-Aranha no universo Marvel. E são eles que abrilhantam o grande momento do filme, o combate entre os dois times de super-heróis no aeroporto, uma cena que realmente impressiona pelo humor e pela criatividade dos roteiristas.


3 comentários:

  1. A tua crítica se baseia na repetição da fórmula. Sinceramente não acho um ponto válido a ser considerado. Nem todo filme deve quebrar paradigmas. Caso assim fosse não existiria paradigma.
    Faço a pergunta: você acha que Civil War usou bem os elementos da já estabelecida fórmula? E os demais aspectos técnicos: montagem, efeitos, atuações? Será que não seria válido considerá-los na tua análise?

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  2. Ótima argumentação Lucas. Concordo que nem todo filme deve quebrar paradigmas, revolucionar, uma vez que poucos filmes conseguem surpreender os espectadores com novas fórmulas ou soluções. Na realidade, minha crítica é mais um desabafo pessoal. A minha insatisfação com o gênero (são raros os filmes que realmente gostei), com a repetição. E não só com os filmes de heróis, e sim com os filmes de ação, que hoje em dia são raros (tanto é que não temos mais super atores como antes: Bruce Willis, Schwarzenegger, Stallone, Van Damme). Esse modelo de filme cansa. Cansa a visão, cansa a imaginação, cansa um espectador mais exigente. Faço questão de sempre assistir aos grandes lançamentos nas pré-estreias ou em raras cabines de imprensa que ocorrem aqui em meu estado. E fico impressionado com a energia do público. Vibram, gritam, batem palma. Nesse momento sempre penso: eles não são cinéfilos, não estão aqui pelo filme e sim pelos personagens. Acho que a visão crítica deles, e de muitos "analistas de filmes" também caminham por aí. Aquilo que já conversamos antes, o encontro de suas expectativas com o seu repertório. Eles vão assistir a Guerra Civil da mesma forma que eu vou ver o novo filme de Woody Allen, dos Irmãos Coen, de Martin Scorsese, mas com uma diferença. Independente dos nomes, da proposta, minha análise vai ser baseado no que vi, e você como é antenado com isso (críticas), sabe que críticos renomados e grandes cinéfilos ainda louvam trabalhos de mestres do cinema simplesmente por ser um trabalho "desse" ou "daquele" diretor.

    Em relação a sua pergunta (e como pode ver no último parágrafo de minha crítica), a resposta é basicamente sim. Ele utiliza a fórmula muito bem, a qualidade técnica é impecável, os personagens(atuações) nota 10. As considerei em minha análise, mas, como disse antes, não só analisei o filme, e sim o "gênero" e deixei explicitar minha preocupante opinião sobre os rumos do segmento.

    Obrigado mais uma vez, e fique sabendo que sempre te acompanho também (apesar das costumeiras divergências).

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  3. Os filmes de ação ultimamente não tem nos premiado com grandes obras. Contudo vi três que se destacaram, mesmo sabendo que você não gostou tanto, Mad Max, Sicario e Guerra Civil. Neles os elementos técnicos estão muito bons, principalmente a fotografia, nos dois primeiros citados.

    Sobre os Brucutus da década de 70/80 que foram ídolos de gerações, acho que eles perderam espaço mais pelo público que mudou do que pela qualidades das obras (que sem dúvida caiu).

    Você criticou que muitos reverenciam o nome e não a obra. Mas, de relance, não passou por isso na tua crítica ao considerar o gênero e não a obra em si, como você mesmo disse no comentário?

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