Direção: Ang Lee
Gênero: Aventura/Drama
Elenco: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Rafe Spall, Gerard Depardieu, Ayush Taldon.
Às vezes o excesso de entusiasmo em relação a um projeto cinematográfico acaba nos decepcionando e eu aguardava muito dessa nova obra do eficiente diretor Ang Lee. E digo mais, com todos os comentários durante a sua produção achava que poderia ser o melhor filme do ano, disparado, mas infelizmente ainda não é. As Aventuras de Pi é uma obra prima se analisarmos a partir do prisma estético, e artisticamente é o melhor trabalho da carreira do diretor – bem a frente do belo e premiado “O Tigre e o Dragão”(2000) –, mas com todos elementos associados ao filme e pelas deslumbrantes imagens criadas em 3D que pude acompanhar durante sua projeção, faltou pouco para As Aventuras de Pi ser uma obra incontestável. Muito pouco mesmo.
Quando um jovem escritor (Rafe Spall) resolve procurar no Canadá um já homem de meia idade chamado Piscine Molitor Patel, é que a grande aventura ganha vida e passamos a acompanhar a incrível jornada do ainda criança Pi Patel, que desde as nuances tragicômicas da origem de seu nome (uma homenagem a uma famosa piscina pública de Paris) até a bem filmada e magnífica cena do naufragio de seu cargueiro, demonstra saber contar uma história como poucos, sempre de maneira fantástica e por vezes, surreal.

Confesso e volto a repetir que as cenas produzidas por Lee – e totalmente realizadas para dar um aspecto artístico em uma obra que profundamente é econômica e direcionada para as premiações –, são algo de sobrenatural. Belas, singelas e contando com assombrosa fotografia, o filme demonstra a todo o momento que é uma obra em sua magnitude, essencialmente visual.

Outro ponto de exclamação na obra é o grande espírito de aventura e suspense que toma conta da tela e daquele pequeno bote no meio do oceano. Como que um frágil menino poderia sobreviver frente a uma arisca hiena, um simpático símio, e um “indomável” e esfomeado tigre de bengala. O que vemos a partir desse momento são cenas incríveis, emocionantes, algumas tristes e outras surpreendentes, resumindo, é um carrossel de emoções e demonstrações que o filme é uma obra diferenciada e que consegue englobar características que fascinam o ser humano, seja de onde ele for e quais são as suas crenças mais intimas, prova disso é o enorme sucesso que o filme vem fazendo por toda Ásia, Europa e em grande parte da America.
Mas como toda grande aventura chega ao fim, descobrimos ao lado de Pi Patel que verdadeiramente os mistérios e o desconhecido regem nossas vidas de algumas formas. Milagres, fé, propósitos, tudo isso é questionado e demonstrado em ações ora pensadas, ora espontâneas por um ainda aprendiz de homem, o jovem e inquieto Pi Patel , que tenta de todas as formas se agarrar a vida e tentar sobreviver em seu pequeno barco que é como uma gota naquele imenso oceano azul.
Tecnicamente perfeito, essencialmente deslumbrante e com uma direção impecável de Ang Lee, As Aventuras de Pi se firma fortemente como um dos grandes filmes do ano, e talvez o mais memorável, sempre tentando nos levar a acreditar no inacreditável, que no fim, é a grande essência do filme. Mas falta ainda a obra um algo a mais, é um filme fantástico, é sim, é inesquecível, também, mas não sinto que o filme transmita um ar inquestionável, longe disso, talvez pela sempre presente sensação de déjà Vu com relação ao filme “Quem quer ser um Milionário (2008), que conseguiu vencer o Oscar de melhor filme com basicamente os mesmos elementos propositalmente trabalhados por Lee: superação, fatos inacreditáveis, universo desconhecido (Índia) e personagens apaixonantes.

Eu achei este o melhor filme de 2012. Como vc disse, a estética é muito legal, porém, acho que existe profundidade nos diálogos e mensagens. Acho que há um pouco de filosofia e psicanálise na obra. Não me decepcionei, pelo contrário, fui ver sem expectativa e, ao final, quase não levantei da poltrona de tão extasiado!
ResponderExcluirAbraços cinéfilos, gostei do blog! Visite o Algunsfilmes.blogspot.com.br