Críticas de Filmes

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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Dezesseis filmes brasileiros vão disputar indicação brasileira ao Oscar 2017

O prazo de inscrição para que os filmes fossem enviados à Secretaria do Audiovisual (SAV) acabou na última quarta-feira (31). Confira a lista dos filmes que disputam a vaga brasileira

16 filmes disputarão a indicação brasileira para uma das vagas ao Oscar de filme estrangeiro em 2017. O longa escolhido será divulgado no dia 12 de setembro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. O prazo de inscrição para que os filmes fossem enviados à Secretaria do Audiovisual (SAv) acabou na última quarta-feira, 31.
A Academia de Hollywood seleciona nove filmes indicados pelos países de língua não-inglesa. Da lista de pré-selecionados saem os cinco que disputarão a estatueta de melhor filme estrangeiro na cerimônia do Oscar, que será realizada em fevereiro de 2017, em Los Angeles, Estados Unidos.
Entre os inscritos está Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que concorreu a Palma de Ouro em Cannes e foi alvo de uma polêmica entre o diretor e um dos jurados da comissão, o crítico Marcos Petrucelli. Outro 'polêmico' na briga é Chatô - O Rei do Brasil, de Guilherme Fontes, uma das produções mais problemáticas do cinema nacional, que demorou mais de 15 anos para chegar aos cinemas e foi recebido com certo entusiasmo pela crítica..
Por conta da polêmica envolvendo um dos jurados - o crítico Marcos Petrucelli, que havia postado no seu Facebook, antes de ser chamado para fazer parte da comissão especial do Oscar, declarações negativas sobre a atitude do diretor Kleber Mendonça Filho, de Aquarius, que aproveitou o tapete vermelho do Festival de Cannes para protestar contra o impeachment, agora consumado, de Dilma Rousseff - três diretores que iam inscrever seus filmes recuaram em solidariedade a Kleber alegando falta de legitimidade da comissão (Anna Muylaert de Mãe Só Há Uma, Aly Muritiba de Minha Amada Morta e Gabriel Mascaro de Boi Neon). Além dos diretores, dois membros da comissão pediram para sair, o diretor e produtor mineiro Guilherme Fiuza Senha e a atriz Ingra Liberato. Foram chamados para substituí-los os diretores Bruno Barreto e Carla Camurati.
Além dos diretores Bruno Barreto e Carla Camurati, do crítico Marcos Petrucelli e de Sylvia Bahiense Naves, da SAv, a comissão é composta por Adriana Rattes, ex-secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Alberto Rodrigues, distribuidor, George Firmeza, diretor do Departamento Cultural do Itamaraty, Paulo de Tarso Basto Menelau, exibidor e Silvia Maria Sanches Rabello, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Infra-Estrutura da Indústria Cinematográfica e Audiovisual (Abeica).
O Ministério da Cultura divulgou hoje (5) os filmes brasileiros que buscarão uma chance de participar do Oscar 2017. Ao todo 16 títulos estão inscritos para a seleção. De acordo com a pasta, o número é quase o dobro do ano passado, quando nove filmes participaram do processo.

Os longa-metragens que participarão da seleção são:
A Despedida, de Marcelo Galvão;
Mais Forte que o Mundo, de Afonso Poyart;
O Outro Lado do Paraíso, de André Ristum;
Pequeno Segredo, de David Schurmann;
Chatô – O Rei do Brasil, de Guilherme Fontes;
Uma Loucura de Mulher, de Marcus Ligocki Júnior;
Aquarius, de Kleber Mendonça Filho;
Nise – O Coração da Loucura, de Roberto Berliner;
Vidas Partidas, de Marcos Schetchman;
O Começo da Vida, de Estela Renner;
Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil, de José Belisario Cabo Penna Franca;
Tudo que Aprendemos Juntos, de Sérgio Machado;
Campo Grande, de Sandra Kogut;
A Bruta Flor do Querer, de Andradina Azevedo e Dida Andrade;
Até que a Casa Caia, de Mauro Giuntini;
O Roubo da Taça, de Caito Ortiz
Segundo o Ministério da Cultura, o filme A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinícius Coimbra, foi inabilitado por ter sido lançado fora do período exigido pela academia norte-americana, de 1° de outubro de 2015 a 30 de setembro de 2016.
Anos anteriores
Nas últimas edições, os filmes brasileiros selecionados para concorrer à indicação foram: Que Horas ela Volta?, de Anna Muylaert (2016); Hoje eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro (2015); O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho (2014); O Palhaço, de Selton Mello (2013); Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora É Outro, de José Padilha (2012); Lula, o Filho do Brasil, de Fábio Barreto (2011); Salve Geral, de Sérgio Rezende (2010); Última Parada 174, de Bruno Barreto.
A última vez que um filme selecionado pelo Brasil foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro foi em 1999. O filme foi Central do Brasil, de Walter Salles, que não ganhou o prêmio. Em 2004, Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações, mas não de melhor filme estrangeiro. A produção foi indicado a melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia

Crítica: Aquarius é imperdível e poderoso ****

A obra é dirigida por Kleber Mendonça Filho e faz uma analise crítica do Brasil através da personagem Clara, em uma atuação extraordinária de Sônia Braga

Aquarius, novo filme dirigido por Kleber Mendonça Filho – também responsável pelo premiado “O Som ao Redor” –, é um filme sobre lembranças e luta de classes. A obra disputou o último Festival de Cannes, onde colecionou elogios da crítica mundial, mas saiu sem nenhuma premiação.

O maior destaque do filme fica por conta da estupenda atuação de Sônia Braga, após uma longa ausência de produções de destaque. A atriz ficou conhecida mundialmente ao protagonizar os filmes “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), “Gabriela, Cravo e Canela” (1983) e “O Beijo da Mulher Aranha”(1985). 

Na obra, Sônia Braga é Clara, uma jornalista aposentada, viúva e mãe de três filhos. Ela vive em um apartamento em Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos, sobreviveu a um câncer e morou praticamente toda a sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, uma construtora adquire quase todos os apartamento, menos o de Clara, que se recusa a vendê-lo. A partir desta premissa, Clara é pressionada de todas as formas para mudar de ideia. Tanto pela construtora, quanto por sua própria família. 

O público é apresentado a Clara ainda nos anos 1980, através de flashback. Com isso, descobre uma mulher decidida, reflexiva e liberal. A obra possui momentos de puro erotismo, e transforma o espectador em um verdadeiro voyeur, no mais carnal sentido da palavra.   Assim como a personagem, que não tem vergonha de demonstrar sua sexualidade aos 65 anos, contrastando com a imagem de símbolo sexual deixada pela atriz nos anos 80.

Aquarius é uma obra delicada e que exalta a memória dos seus personagens. Seja através de lembranças, de fotografias ou de sua excepcional trilha sonora, onde estão presentes composições de Taiguara (Hoje), Altemar Dutra, Roberto Carlos (O Quintal do Vizinho), Maria Bethania (Jeito Estúpido de Amar) e Ave Sangria (Dois Navegantes).

O filme consegue hipnotizar o seu espectador com ótimos diálogos, um roteiro muito bem desenvolvido e atuações fantásticas. Além disso, surpreende na condução da história, tanto nos momentos de confronto entre Clara e imobiliária, quanto no clima de suspense sempre presente.

Particularmente não acho Aquarius uma obra prima irretocável, como alguns consideram. Mas acho muito válida a sua condição de favorito a representar o Brasil no Oscar. Aquarius é provavelmente o melhor filme nacional do ano, possui a melhor atuação de uma atriz brasileira e uma história poderosa. Resumindo, é um daqueles filmes que não sai da cabeça de seu espectador, mesmo horas após assisti-lo. 

Cotação: **** (Muito Bom)